Dias Litúrgicos

“Corpus Christi” – Solenidade Litúrgica do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo

Corpus-Christi-11.06.2020

Fonte da Imagem: Apostolado de los Sagrados Corazones Unidos de Jesús y de Maria 

  A festa de Corpus Christi, ou festa do Corpo e Sangue de Cristo (como é frequentemente chamada hoje), remonta ao século XIII, mas celebra algo muito mais antigo: a instituição do Sacramento da Santa Comunhão na Última Ceia: a presença real de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento, dando-lhe publicamente o culto de adoração (latria) na quinta-feira após a solenidade da Santíssima Trindade, que por sua vez, tem lugar no  domingo seguinte ao Pentecostes (ou seja, o Corpus Christi se celebra 60 dias após o Domingo de Ressurreição). 

 

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Fonte da Imagem: Apostolado de los Sagrados Corazones Unidos de Jesús y de Maria 

História da Festa de Corpus Christi

Em 1246, o Bispo Robert de Thorete, da Diocese belga de Liége, por sugestão de Santa Juliana de Mont Cornillon (também na Bélgica), convocou um sínodo e instituiu a celebração da festa. Desde Liége, a celebração começou a estender-se.

O Papa Urbano IV, por aquela época, então, tinha a corte em Orvieto, um pouco ao norte de Roma.

Muito próximo desta localidade encontra-se Bolsena, onde em 1263 ou 1264, produziu-se o Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração fosse algo real.

No momento de partir a Sagrada Forma, viu sair dela, sangue, que foi empapando em seguida o Corporal. A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 de junho de 1264. Hoje conserva-se os corporais – onde se apoia o cálice e a patena durante a Missa – em Orvieto, e também pode-se ver a pedra do altar em Bolsena, manchada de sangue.

O Santo Padre, movido pelo prodígio, e a petição de vários Bispos, fez que se estendesse a Festa de Corpus Christi para toda a Igreja, por meio da Bula “Transiturus”, de 8 de setembro do mesmo ano, fixando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes, e outorgando muitas indulgências a todos os fiéis que assistissem a Santa Missa e ao ofício.

Logo o Papa Urbano IV encarregou um oficio – a Liturgia das Horas – a São Boaventura e a Santo Tomás de Aquino. Quando o Pontífice começou a ler em voz alta o Ofício feito por Santo Tomas, São Boaventura foi rasgando o seu em pedaços. As sequências e os Hinos incluem: Pange Lingua (e sua parte final Tantum Ergo), Lauda Sion, Panis Angelicus, Adoro Te Devote, Verbum Supernum Prodiens.

O Apostolado dos Sagrados Corações Unidos de Jesus e de Maria, ofereceu 40 Horas de Adoração Eucarística a Nosso Senhor, durante as 40 horas prévias à Solenidade de Corpus Christi, retomando uma antiga Devoção com um grande entusiasmo, e demonstrando o grande amor que os apóstolos têm ao Sacramento do Amor.

Felicitamos aos apóstolos por haverem sido almas Eucarística e Adoradoras, correspondendo ao amor misericordioso que permanece para nós, nos Sacrários do mundo, aonde temos entregue nosso coração neste encontro doce, no qual nos falou o Sagrado Coração Eucarístico de seu grande amor. Aquietou nosso ser e dispôs nosso coração para amar ao Amado.

Santíssimo Sacramento, sejais Bendito e Louvado e Eternamente Adorado!

Ó Soberano Portento! 

 

URBANO IV

BULA

TRANSITURUS DE HOC MUNDO

COM A QUAL SE INSTITUI A FESTA DE CORPUS CHRISTI

 

Tradução do Espanhol ao português por este site direto site do Vaticano

PDF da Bula em português

[ ES  – LA ]

Urbano Bispo, servo dos servos de Deus, aos veneráveis irmãos patriarcas, arcebispos, bispos e demais prelados, saúde e bênção apostólica.

Cristo, nosso salvador, estando para partir deste mundo para ascender ao Pai, pouco antes da sua Paixão, na Última Ceia, instituiu, em memória de sua morte, o sumo e magnífico sacramento do Seu Corpo e do Seu Sangue, dando-nos o Corpo como alimento e o Sangue como bebida.

Sempre que comemos este pão e bebemos deste cálice anunciamos a morte do Senhor, porque Ele disse aos apóstolos durante a instituição deste sacramento: “Fazei isto em memória de mim”, para que este excelso e venerável sacramento fosse para nós o principal e mais insigne memento do grande amor com que Ele nos amou.

Memória admirável e estupenda, doce e suave, cara e preciosa, na qual se renovam os prodígios e as maravilhas; nele se encontram todos os deleites e os mais delicados sabores, nele a doçura do próprio Senhor é apreciada e, sobretudo, obtém-se força para a vida e para a nossa salvação.

É um memorial dulcíssimo, sacrossanto e saudável, no qual renovamos nossa gratidão por nossa redenção; nos afastamos do mal; nos afiançamos no bem e progredimos na aquisição das virtudes e da graça; nos conformamos pela presença corporal de nosso próprio Salvador. Pois, nesta comemoração Sacramental de Cristo, Ele está presente no meio de nós, com uma forma distinta, mas em sua verdadeira substância.

Pois antes de subir ao céu disse aos apóstolos e aos seus sucessores: “Olhai: eu estou convosco todos os dias, até a consumação do mundo”, e os consolou com a benigna promessa de que permaneceria com eles também com sua presença corporal.

Monumento verdadeiramente digno de não ser esquecido, com o qual recordamos que a morte foi vencida; que nossa ruína foi destruída pela morte daquEle que é a própria vida; que uma árvore cheia de vida foi enxertada em uma árvore de morte, para produzir frutos de salvação!

É um glorioso memorial que enche de gozo a alma dos fiéis, infunde alegria e faz brotar lágrimas de devoção. Nos enchemos de gozo ao pensar na Paixão do Senhor, pela qual fomos salvos. Mas não podemos conter o pranto.

Diante desta memória sacrossanta, sentimos brotar em nossos gemidos de gozo e emoção, alegres no pranto cheio de amor, emocionados pelo gozo devoto; nossa dor fica temperada pelo gozo; nossa alegria se mescla com o pranto e nosso coração transborda de alegria, desfazendo-se em lágrimas.

Infinita grandeza do amor divino, imensa e divina piedade, copiosa efusão celestial! Deus no-lo deu tudo no momento em que se submeteu a nossos pés e nos confiou o supremo domínio de todas as criaturas da terra.

Enobrece e sublima a dignidade dos homens, através do ministério dos espíritos mais seletos. Pois, todos eles foram destinados para exercer o ministério a serviço daqueles que receberam a herança da salvação.

E havendo sido tão vasta a magnificência do Senhor para conosco, querendo mostrar-nos mais ainda seu infinito amor, em uma efusão se ofereceu a si mesmo, e superando as maiores generosidades e toda medida de caridade, se entregou Ele mesmo como alimento sobrenatural.

Singular e admirável liberalidade, na qual o doador vem à nossa casa, e o dom e o que dá são a mesma coisa! Verdadeiramente é largueza sem fim, a do que se dá a si mesmo, e de tal forma aumenta sua disposição afetuosa, que esta, distribuída em uma grande quantidade de dons, redunda ao fim e volta ao doador, tanto maior quanto mais extensamente se difundiu.

Deu-se, pois, o Salvador como alimento. Quis que da mesma forma que o homem foi sepultado na ruína pelo alimento proibido, voltasse a viver por um alimento bendito. Caiu o homem pelo fruto de uma árvore de morte, ressuscita por um pão de vida.

Daquela árvore pendia um alimento mortal. Neste, encontra um alimento de vida. Aquele fruto trouxe o mal. Este a cura. Um apetite malvado fez o mal, e uma fome diferente engendra o benefício. Chegou à medicina aonde havia invadido a enfermidade; de onde partiu a morte, veio a vida.

Daquele primeiro alimento se disse: “No dia em que comerdes dele, morrereis.”Do segundo se escreveu: “Quem comer deste pão viverá eternamente.”

É um alimento que restaura e nutre verdadeiramente. Sacia em sumo grau, não o corpo, senão o coração; não a carne, senão o espirito; não as vísceras, senão a alma. O homem tinha necessidade de um alimento espiritual, e o Salvador misericordioso proveio, com piedosa atenção, o alimento da alma com o manjar melhor e mais nobre.

A generosa liberalidade elevou-se à altura da necessidade e a caridade igualou-se à conveniência, de forma que o Verbo de Deus, que é manjar e alimento das criaturas racionais, feito carne, se deu como alimento às próprias criaturas, é dizer, à carne e ao corpo do homem.

O homem, pois, come o pão dos anjos, do qual o Salvador disse: “Minha carne é verdadeiro manjar e meu sangue verdadeira bebida.” Este manjar se toma, mas não se consome; se come, mas não se modifica. Pois, não se transforma naquele que o come, senão que, se se recebe dignamente, faz ao que o consome, semelhante a Ele.

Excelso e venerável sacramento, amável e adorado: és digno de ser celebrado, exaltado com os mais emotivos louvores, pelos cantos inspirados, pelas mais íntimas fibras da alma, pelas mais devotas oferendas. És digno de ser recebido pelas almas mais puras!

Glorioso memorial: deverias ser guardado entre as mais profundas pulsações do coração; impresso indelevelmente na alma; encerrado nas intimidades do espirito; honrado com a maias assídua e devota piedade!

Dirijamo-nos sempre a tão grande sacramento, para lembrarmo-nos em todo instante daquele de quem deveria haver sido o perfeito memorial, e o foi (o sabemos). Pois recordamos mais aquela pessoa cuja casa e presentes constantemente contemplamos.

Ainda que este sacramento sagrado seja celebrado todos os dias no solene rito da Missa, contudo, acreditamos útil e digno que se celebre, ao memos uma vez no ano, uma festa mais solene, em especial para confundir e refutar a hostilidade dos hereges.

Pois, na Quinta-feira Santa, dia em que Cristo o instituiu, a Igreja universal, ocupada na confissão dos fiéis, na bênção do crisma, no cumprimento do mandato de lavatório dos pés e em outras muitas sagradas cerimônias, não pode atender plenamente a celebração deste grande Sacramento.

Da mesma forma que a Igreja atende aos Santos, que se veneram no curso do ano, e ainda que nas ladainhas, nas Missas e em outras funções, se renove sua memória com grande frequência, entretanto, recorda seu nascimento em determinados dias, com mais solenidade e com funções especiais.

E como nestas festas, quiçá os fiéis omitam algum de seus deveres, por negligência ou pelas ocupações mundanas, ou também pela fragilidade humana, a Santa Mãe Igreja estabelece um dia determinado para a comemoração de todos os Santos, suprindo nesta festa comum, o que se descuidou nas particulares.

Especialmente, pois, é preciso cumprir este dever com o admirável Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, que é glória e coroa de todos os Santos, para que resplandeça em uma festividade e solenidade especiais, e para que o que quiçá se descuidou nas demais celebrações da Missa, no que se refere à solenidade, se supra com devota diligência; e para que os fiéis, ao aproximar-se esta festividade, entrando dentro de si mesmos, pensando no passado com atenção, humildade de espirito e pureza de consciência, supram o que houverem cumprido defeituosamente, ao assistir a Missa, quiçá ocupados com o pensamento em negócios mundanos ou mais ordinariamente por causa da negligência e debilidade humana.

Em certa ocasião também ouvimos dizer, quando desempenhávamos um ofício mais modesto, que Deus havia revelado para alguns católicos, que era preciso celebrar esta festa em toda a Igreja. Nós, pois, acreditamos oportuno estabelece-la para que de forma digna e razoável, seja vitalizada e exaltada a fé católica.

Que cada ano, pois, seja celebrada uma festa especial e solene, de tão grande Sacramento, além da comemoração quotidiana que dele faz a Igreja, e estabelecemos um dia fixo para isto, a primeira quinta-feira depois da oitava de Pentecostes.

Também estabelecemos que no mesmo dia se reúnam para este fim nas igrejas devotas, multidões de fiéis, com generosidade de afeto, e todo o clero, e o povo, gozosos entoem cantos de louvores, que os lábios e os corações se encham de santa alegria; cante a fé, tremule a esperança, exulte a caridade; palpite a devoção, exulte a pureza; que os corações sejam sinceros; que todos se unam com ânimo diligente e pronta vontade, ocupando-se em preparar e celebrar esta festa.

E queira o céu que o fervor inflame as almas de todos os fiéis no serviço de Cristo; que por meio desta festa e outras obras de bem, aumentando cada vez mais seus méritos diante Deus, depois desta vida, se deem Ele mesmo como prêmio para todos, pois para eles se ofereceu como alimento e como preço de resgate.

Por isto, recomendamos e os exortamos no Senhor, e por meio desta Bula Apostólica vos ordenamos, em virtude da Santa Obediência, com preceito rigoroso, impondo-o como remissão de vossos pecados, que celebreis devota e solenemente esta festa tão excelsa e gloriosa e vos empenheis com toda atenção em faze-la celebrar em todas as igrejas de vossas cidades e dioceses na citada quinta-feira de cada ano, com as novas lições, responsórios, versos, antífonas, salmos, hinos e orações próprias da mesma, que incluímos nesta Bula, juntamente com as partes próprias da Missa. Vos ordenamos também que exorteis aos vossos fiéis com recomendações saudáveis diretamente ou por meio de outros no domingo que precede à mencionada quinta-feira para que com uma verdadeira e pura confissão, com generosas esmolas, com atentas e assíduas orações e outras obras de devoção e de piedade, se preparem de forma que possam participar, com a ajuda de Deus, neste precioso Sacramento e possam dita quinta-feira recebe-lo com reverência e obter assim, com seu auxílio, um aumento de graça.

E Nós querendo animar aos fiéis com dons espirituais para celebrar dignamente tão grande festividade, concedemos a todos os que verdadeiramente arrependidos e confessados participarem nas matinas desta festa, na igreja em que se celebre, cem dias de indulgência; outros tantos pela Missa, e, assim mesmo, aos que participarem nas primeiras vésperas desta mesma festa e nas segunda; e a todos aqueles que participarem no ofício da Prima, Terça, Sexta, Nona e Completas, quarenta dias por cada hora.

Finalmente, a todos aqueles que durante a Oitava assistam as matinas e vésperas, à Missa e à recitação do Ofício, concedemos cem dias de indulgência por cada dia, confiando na misericórdia de Deus Onipotente e na autoridade de seus Santos Apóstolos Pedro e Paulo.

Dado em Orvieto em 11 de agosto de 1264, terceiro ano de nosso pontificado.

URBANUS PP. IV

Copyright © Dicastero per la Comunicazione – Libreria Editrice Vaticana

 

 

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