19 de junho – Solenidade do Sagrado Coração de Jesus
DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO
De São Luís Maria de Monfort
1 – Ó Coração de Deus, sempre adorável!
Ó Coração de todos meus amores!
Ó Coração, digno de amor e loas,
que me amas e regalas vossos favores.
2 – Ainda que eu seja tão pobre e miserável,
e o pior pecador de todo o mundo,
quero render reparação condigna
e oferecer-vos meu amor, meu amor profundo.
3 – Perdão pelos infiéis. Todos eles
para vós foram feitos e criados,
e apesar de vosso amor e vossas bondades,
vos atacam e resultam condenados.
4 – Perdão, perdão, por todos os cismáticos,
que quebraram vossa unidade. Perdão, perdão,
por todos os hereges. Eles negam
vossa verdade e infinita compaixão.
5 – Perdão. São uns bárbaros. Perdão. Perdão
por sua conduta e ousadia.
Perdão por seus desprezos e sua raiva.
Perdão por sua crueldade e rebeldia.
6 – Perdão, ó Coração divino! Pois esquecem
vosso Coração no altar sagrado.
Perdão pelos ímpios que, incessantes
vosso amor e vossa bondade, hão profanado.
7 – Perdão pelas terríveis insolências
nessas entrevistas criminais.
Perdão. Perdão por tanta irreverência,
que profana o alvor de vossos altares.
8 – Se vos fere e traspassa o Coração,
coisa que o próprio Lúcifer não faz.
Por tal blasfêmia e por tais perjúrios,
dou-vos o que vos agrada e satisfaz.
9 – Ah, perdoai aos maus sacerdotes,
e aos vossos inimigos camuflados.
Perdoai aos traidores, que aos milhares,
vos recebem cobertos de pecados.
10 – Ai, Senhor! Vos rejeitam da vida,
caminhais entre angústias e entre pranto.
Ai! Vos crucificam… Olhos, chorai!
Lágrimas, manifestem seu quebranto!
11 – Perdão pelos medíocres e os tíbios,
que vão dormitar ante vosso altar,
e que por seus pecados e suas manchas
vos provocam, Senhor, a vomitar.
12 – Perdoai-me, Senhor, misericórdia.
Eu tantas vezes me aproximei até vós,
com extrema tibieza, teimosia,
até não poder mais: piedade de mim!
13 – Por esta negligência refinada.
Por meu despreparo e indiferença,
quando venho à santa comunhão,
e por não vos receber com frequência.
14 – Minha ingratidão, perdoai. Vós me destes
benefícios e nobres atitudes.
Perdoai meu descuido e pouco empenho
por imitar vossos gestos e virtudes.
15 – Ó Jesus! Meu Jesus, misericórdia!
Tende compaixão por todos meus pecados,
que, se não me perdoais desde agora,
conto-me entre os pobres condenados.
16 – Poderá teu coração ser insensível,
ao Coração de Cristo, desprezado?
Ó, não! Nunca! Jamais! Que não é possível
desprezar tanto amor sacrificado.
17 – Se um infiel e um pagão te amam tanto,
como não o amarás, como não amas
a este divino Coração amante
que te quer abrasar entre suas chamas?
18 – Coração amoroso, a vós me abraço.
Dou-me todo a vós. Entrego-me todo.
Se vós me amastes tanto e tanto me amais,
é justo responder do mesmo modo.
19 – Ai! Não ter as lágrimas copiosas
das gotas de água do mar!
Quantos suas armas alçam. Ai de mim!
Contra esse Coração que tem que amar!
20 – Pudesse eu correr céus e terra,
para gritar no céu, terra e mar:
Pecadores, não façam mais guerra
a este coração que tem que amar.
21 – Pudesse eu render-vos mil obséquios,
avançando com uma corda ao pescoço,
reparar as feridas e os golpes,
embora me chamem louco e ruim por isto.
22 – Ó Coração! Pudesse eu colocar-vos
em todo coração e humana mente,
e submeter ao vosso poder e império
reis e imperadores juntamente.
23 – Sejam, ao menos, os versos destas páginas,
por amor, de seu amor, pregadores,
que logrem reparar tantos ultrajes,
e brindar graça e paz aos seus leitores.
24 – Vão! Rompam o gelo em todas as partes.
Vão! Para todos os lados, destruam o pecado.
Vão! Rendam a Deus suas homenagens.
Vão! Que em vão, até hoje, se hão ocultado.
25 – Não poderei eu expressar isso que sinto;
aquilo que por dentro me tortura?
Fala e suaviza meu martírio e pena.
Transforma tu em gozo, minha amargura.
26 – Novos pregadores, a porfia,
forjai em vossa onipotência, ó Coração,
que preguem vosso amor em todas as partes,
e publiquem vossa graça e vosso perdão.
27 – Glória ao vosso Coração, Ó Jesus meu,
pelo Coração santo de Maria,
escuta como implora e vos suplica.
Olha como vos honra noite e dia.
28 – Ó Coração Sagrado! Por seus peitos,
por seu seio, que foi vossa morada,
perdoai-nos, a tantos infelizes
a crueldade, no trato exagerada.
29 – Pela chama divina, cativado,
em que vosso sacro Coração transborda,
Pronto! Abro-vos meu peito e vos recebo,
divino Coração. Entrai em meu nada.
30 – Por último, escusando minha ousadia,
tirai-me o coração tão pecador,
e não conte eu mais, nesta vida,
com outro coração, que o de vosso amor.
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