Artigo

O Encontro da Santa Cruz de Jesus por Santa Helena, Mãe do Imperador Constantino, antes de 337 d.C., narrado por São João Bosco

 

 

SÃO JOÃO BOSCO

HISTÓRIA ECLESIÁSTICA

PARA USO DA JUVENTUDE

Tradução revista e cotejada com a edição italiana

de 1952 por L. Marcigaglia.

6.a EDIÇÃO BRASILEIRA

LIVRARIA EDITORA SALESIANA LTDA.

Largo Coração de Jesus, 154

SAO PAULO – BRASIL

– 1960 –

IMPRIMATUR

✞ Paulo, Bispo Auxiliar

São Paulo, 22 de outubro de 1953.

 

 

O texto que publicamos da “História Eclesiástica” de Dom Bosco é tirado da edição crítica de Opere e Scritti editi e inediti di Don Bosco, Vol. I, Parte II, edição cuidada pelo Dr. Alberto Caviglia.

Tal texto está de acordo com a edição de 1870, inteiramente escrita especialmente superintendida por Dom Bosco. Poucos parágrafos e alguns períodos ele acrescentou para uma edição publicada em 1879 e tais acréscimos vêm intercalados no respectivo lugar. As Notas assinaladas com (a) pertencem ao Autor.

OS EDITORES 

 

SEGUNDA ÉPOCA

Da conversão de Constantino, no ano 312, até a origem do maometismo, no ano 622.

CAPITULO I

Constantino o Grande – Aparição da cruz — O Lábaro — Entrada em Roma – S. Melquiades – O palácio e basílica de Latrão – Cisma dos donatistas — Carta de Constantino – Concílio de Latrão – Morte de S. Melquiades.

CONSTANTINO O GRANDE — Era filho de Constâncio Cloro e de Santa Helena. Após a morte de seu pai, que governava a Bretanha e as Gálias na qualidade de Cesar, foi proclamado imperador por seus soldados.

Conquanto não se achasse ainda instruído na fé, amava os cristãos, e dando-lhe estes provas de sua fidelidade em várias ocasiões, ordenou que cessasse a perseguição na Grã-Bretanha e nas Gálias, onde ele governava, e que dali em diante os cristãos fossem tratados como os demais cidadãos.

Conseguiu este imperador grandes vitórias, entre as quais ocupa o primeiro lugar a que obteve contra Maxêncio, filho de Maximiano e seu sucessor no trono. Pelos vícios da avareza e da crápula se tinha tornado Maxêncio desprezível a todos os bons, de modo que de todas as partes chamavam a Constantino para livrá-los daquele tirano. Constantino não titubeou em tomar as armas para derrubar o inimigo da humanidade e da religião.

Foram formidáveis os preparativos de guerra que se fizeram de ambas as partes. Maxêncio, segundo dizem os historiadores, tinha cento e sessenta mil homens a pé e dezoito mil a cavalo, ao passo que Constantino não tinha mais do que quarenta mil. A desigualdade das forças atemorizou algum tanto a Constantino; mas Deus serviu-se disso para apartá-lo do culto dos deuses impotentes, tirá-lo daquele perigo e trazê-lo ao conhecimento da verdadeira religião. 

 

APARIÇÃO DA CRUZ — Seu inimigo empregava as artes da magia para invocar em seu auxílio as potências infernais; mas ele, ao contrário, dirigiu-se ao verdadeiro Deus que, embora confusamente, conhecia como o Criador do céu e da terra, suplicando-lhe que se declarasse em seu favor. Ouviu-o Deus e operou um assinalado prodígio, que a história não declara com suficiente precisão em que lugar se realizou. Alguns autores dizem que foi nos arredores Turim, e esta opinião se acha confirmada por uma pintura muito linda que está em Roma, no palácio do Vaticano, na galeria chamada dos mapas geográficos. Eis como nos referem Eusébio de Cesaréia, amigo de Constantino. 

Marchava Constantino com seu exército depois do meio-dia, viu descer céu, do lado do sol, uma cruz luminosa com esta inscrição: In hoc vincesCom isto vencerás. — Ele e seu exército foram testemunhas daquele milagroso fenômeno, que deixou a todos admirados. Constantino não compreendia o que significava aquela cruz, e por isso Deus dignou-se manifestá-lo com uma revelação.

Apareceu-lhe durante a noite Jesus Cristo, trazendo na mão uma cruz igual à que tinha visto no dia precedente, e ordenou-lhe que fizesse um estandarte semelhante, o qual lhe serviria de segura defesa contra seus inimigos em tempo de guerra. Constantino executou logo o que lhe tinha sido ordenado e deu ao estandarte o nome de lábaro.

 

O LÁBARO — Segundo Eusébio, consistia o lábaro em uma longa lança revestida de ouro, atravessada em certa altura por um pedaço de madeira, formando todo ele uma cruz. Da parte superior, mais acima dos braços pendia uma coroa resplandecente de ouro e ricas joias e no centro ressaltava o monograma de Cristo, formado pelas duas letras gregas iniciais dessa palavra (1).

De cada braço da cruz pendia um pano de púrpura, bordado a ouro e pedras preciosas, e na parte superior, debaixo da coroa e do monograma, achava-se em ouro o busto de Constantino e seus dois filhos. Este troféu da cruz tornou-se o estandarte imperial. Deste modo os Romanos, que até então tinham usado um estandarte particular chamado Lábarum, coberto de imagens de falsas divindades (2) tomaram por bandeira a cruz de Jesus Cristo. Constantino substituindo nele as imagens do paganismo pelo nome de Jesus Cristo, afastou seus soldados de um culto ímpio e os levou, sem esforço, a adorar o verdadeiro Deus. Esta preciosa insígnia foi confiada a um corpo de cinquenta guardas, escolhidos entre os soldados mais religiosos e valentes, que deviam rodeá-la, defendê-la e carregá-la alternadamente sobre seus ombros.

Nota (1) O monograma é feito assim:

Nota (2) – Geralmente dá-se à palavra lábaro o significado de laboris, isto é, fim das fadigas, para indicar aos soldados que, depois do combate, gozariam do descanso (a).

 

Contando com a proteção do Céu, dirigiu-se Constantino animosamente à frente de seu exército para o lugar onde estavam acampadas as tropas de Maxêncio. Seus soldados, ainda que inferiores em número, achavam-se impacientes para combater, pois contavam desde já com a vitória. Já tinha havido um encontro em Susa, mas deu-se outra batalha mais importante na vasta planície que se estende entre Rivoli e Turim e Constantino foi o vencedor Com pouca resistência apoderou-se de Milão, Brescia e outras cidades que se entregaram à sua clemência, de modo que sem graves contratempos pôde avançar até às portas de Roma. [Pág. 89 HISTÓRIA ECLESIÁSTICA – São João Bosco – SEGUNDA EPOCA — Ano 312-622]

Maxêncio enviou então contra ele seu exército, do outro lado do Tibre, e fez construir sobre este rio uma ponte levadiça de madeira, dividida em duas partes, que facilmente se podiam unir e segurar por meio de duas grossas cavilhas, tirando as quais, a ponte se dividiria, e Constantino e seu exército cairiam no rio e se afogariam, caso tentassem passar para o outro lado.

Querendo além disso que os deuses lhe fossem propícios, lhes oferecia em sacrifício mulheres e crianças, e enquanto corria ainda o sangue das vítimas, o bárbaro príncipe procurava nas entranhas daqueles infelizes o presságio de seu destino.

Ao contrário, Constantino preparou seus soldados com orações e, pondo sua confiança em Deus, iniciou corajosamente o ataque. Combateu-se com denodo de parte a parte; mas por fim se declarou a vitória em favor de Constantino. Ao ver Maxêncio mortos e dispersos os seus homens, tratou de salvar-se fugindo; porém ao passar a ponte que ele mesmo’ fizera para servir de armadilha ao seu inimigo, devido ao ímpeto e multidão dos fugitivos, romperam-se as amarras, e caindo com seu cavalo no Tibre se afogou. No outro dia foi encontrado seu cadáver no lodo. Os romanos, vendo-se já livres daquele tirano, receberam com alegria ao vencedor.

Constantino, ao entrar na cidade, deu graças a Deus pela vitória alcançada, e mandou que a cruz, penhor da proteção do céu, atravessasse a cidade e fosse arvorada no Capitólio para anunciar ao mundo o triunfo de um Deus crucificado. Com a cruz adornou também o seu diadema, e proibiu que daí em diante a cruz servisse de suplício aos  malfeitores. Ano 312.

SAO MELQUÍADES — O pontífice S. Melquiades teve a gloriosa sorte de receber em Roma o grande Constantino. Dizemos gloriosa, porque foi este, sem dúvida alguma, um acontecimento da maior importância, pois os imperadores romanos, tendo conhecido desde esse tempo a santidade do cristianismo, começaram a protegê-lo e a professá-lo publicamente.

Senhor de Roma, Constantino chamou do desterro os cristãos, pôs em liberdade os presos e restituiu os bens aos que deles tinham sido despojados.

O romano pontífice, perseguido até então, foi daí em diante alvo de reverência para o imperador cristão que, venerando nele o vigário daquele Deus a quem se reconhecia devedor de suas vitórias e do império, quis provê-lo de tudo o que era necessário para seu decoro.

 

O palácio de Latrão foi a primeira habitação que Constantino deu aos sumos pontífices. Este edifício é muito célebre nos fastos da Santa Sé, e se conserva ainda com grande esplendor. Deve o nome de Latrão a Pláucio Laterano, cônsul de Roma nos tempos de Nero, que o mandou edificar sobre o monte Célio. Esteve em poder dos imperadores até Constantino, que nele fixara sua morada; querendo, porém, este religioso monarca oferecer aos Papas uma morada digna do Vigário de Jesus Cristo, deu a S. Melquiades uma parte daquele grande edifício.

[Pág. 90 HISTÓRIA ECLESIÁSTICA – São João Bosco – SEGUNDA EPOCA — Ano 312-622]

 Mais tarde fez inteira doação dele aos Papas, e mandou edificar a seu lado a grande basílica de S. Salvador de Latrão, chamada mais tarde de S. João, a qual se costuma chamar mãe e cabeça das igrejas de Roma e de todo o mundo: Ecclesiarium urbis et orbis mater et caput. 

 

No palácio de Latrão celebraram-se muitos concílios, sendo o primeiro o que se reuniu no pontificado de S. Melquiades, contra os donatistas, assim chamados do nome de Donato, um dos seus principais fautores. Nasceu esta seita no ano 311, em tempo de Ceciliano, bispo de Cartago. Distinguia-se este por ciência e virtude; mas o acusaram de ter sido sagrado bispo de modo irregular e nulo; já porque Félix, bispo de Aptunga, que o tinha sagrado, era considerado traidor, ou réu de ter entregue os livros sagrados aos perseguidores, já porque, no ato de sua sagração, não se achava presente o número de bispos, que, segundo sua opinião, se requeria. Depois de muitas contendas, os adversários de Ceciliano elegeram outro bispo -chamado Majorino. Mas todos os bons católicos se negaram a comunicar-se com o novo bispo intruso, e ficaram fiéis e submissos ao legítimo bispo Ceciliano. Daí nasceu o cisma, isto é, a separação; achavam-se de um lado os católicos com Ceciliano seu chefe, e do outro lado os cismáticos, tendo por cabeça Donato com o bispo intruso, Majorino. A desordem chegou a tal ponto, que os Donatistas resolveram apelar para Constantino que se achava então nas Gálias.

Este, para formar ideia clara do assunto, pediu ao governador da África uma relação detalhada do caso, e reuniu em seguida três, bispos para conhecer o estado das coisas. Mas quando viu que se tratava de religião, respondeu que essa não era de sua competência, e que, como secular não podia dar seu juízo em relação aos ministros daquele Deus, por quem dentro em pouco devia ser julgado. Concluiu dizendo que tanto os acusadores como os acusados escolhessem cada um dez bispos e fossem a Roma com Ceciliano e Majorino, que ali se discutiria tudo com o Papa S. Melquiades; em juízo solene se examinaria e julgaria definitivamente a questão.

 

Enquanto se executavam as ordens de Constantino na África e os convidados se preconcebida paravam para nestes ir atermos: Roma, o imperador escreveu uma carta a S. Melquiades concebida nestes termos: “Por sucessivas cartas que me tem enviado da África meu procônsul Anolino, chegou a meu conhecimento que Ceciliano, bispo de Cartado, é acusado, por seus colegas, de muitos delitos.

Por o isto, creio conveniente que Ceciliano vá a Roma com dez bispos dos que o acusaram e outros dez que ele julgue necessários para esclarecer e defender sua causa. Além disso, para que possais estar plenamente informados do assunto em questão, vos envio cópia das cartas que Anolino me mandou para da África contra os colegas de Ceciliano; e as envio com a minha firma para tirar todo o perigo de que possam ser adulteradas. Quando as tiverdes lido com atenção e com o tino que vos distinguem, certamente sabereis como e com que modificações se deverá resolver esta questão. Quanto a mim, vos asseguro que professo tanta estima e respeito para com a Igreja Católica, que desejaria que nunca surgissem divisões entre vós, nem aparecessem princípios de discórdias. A suma majestade do grande Deus, ó honradíssimos ministros, vos conserve por muitos anos. (Eusébio 1, 10, 15).

Ao receber esta carta, S. Melquiades se esmerou em preparar todo o necessário para reunir o concílio; e para que tudo se discutisse profundamente e se sentenciasse por juízes competentes, além dos três bispos que mandou Constantino das Gálias, chamou a Roma outros quinze bispos da Itália. 

 

(…)

[Pág. 92 HISTÓRIA ECLESIÁSTICA – São João Bosco – SEGUNDA EPOCA — Ano 312-622]

BASÍLICA DE S. PEDRO NO VATICANO — Constantino, com o fim de dar maior esplendor ao cristianismo, erigiu muitas igrejas, entre as quais sobressaem a de S. João de Latrão, a de S. Paulo fora dos muros de Roma, e a Basílica de S. Pedro no Vaticano, chamada assim porque foi edificada aos pés da colina desse nome. Ainda que sempre tidas em grande veneração as relíquias do Príncipe dos Apóstolos, ali guardadas em um oratório secreto, não obstante durante os três primeiros séculos não se lhes pôde tributar a honra que mereciam erigindo-se lhes uma Igreja pública; apenas, porém cessaram as perseguições, o túmulo de S. Pedro foi o santuário do mundo cristão. Por isto o próprio imperador, para dar um testemunho público de honra ao primeiro vigário de Jesus Cristo, projetou exigir-lhe uma Igreja, conhecida sob o nome de Basílica Constantiniana.

De comum acordo com S. Silvestre, estabeleceu que esta encerrasse em seu interior o pequeno templo edificado por S. Anacleto sobre essas relíquias. O dia em que se deu princípio àquela santa obra, despiu-se Constantino do diadema imperial e das demais insígnias reais, e depois de ter-se prostrado em terra e feito uma humilde oração, tomou uma enxada e cavou no lugar onde deviam assentar os alicerces da nova Basílica, e encheu doze cestos com a terra que tinha extraído, e os carregou em seus ombros em honra dos doze Apóstolos. Desenterrou-se então o corpo de S. Pedro e, na presença dos fiéis e do clero, foi colocado por S. Silvestre em uma grande caixa de prata, tendo por cima outra de bronze dourado que se achava fixa no chão. (1). A urna largura que guardava o sagrado depósito tinha cinco pés de altura, cinco de largura e cinco de comprimento. No centro da tampa que a cobria, pôs-se uma cruz de ouro de cento e cinquenta libras de peso, que trazia gravados os nomes de Sta. Helena e de seu filho Constantino.

Terminado este majestoso edifício e preparada a cripta ou aposento subterrâneo, adornado de ouro e pedras preciosas, e rodeado de grande quantidade de lâmpadas, colocou-se nele o corpo de S. Pedro, fechado na urna. S. Silvestre convidou para esta solenidade muitos bispos e fiéis, para animá-los a virem, abriu os tesouros da Igreja, e concedeu muitas indulgências. Foi extraordinário o concurso, e aquela função serviu de exemplo para a consagração das Igrejas cristãs de então e dos séculos vindouros. Este acontecimento deu-se aos 18 de novembro do ano 324. A urna de S. Pedro fechada desta maneira, segundo aprece, não se tornou a abrir. O sepulcro deste grande Apóstolo sempre foi sobremaneira venerado por todos os cristãos.

Nota – (1) – Acredita-se que naqueles tempos descansavam juntos os corpos, S. Pedro e S. Paulo, e no subterrâneo da presente Basílica nota-se uma prancha de mármore sobre a qual separou S. Silvestre as relíquias dos dois corpos, para colocar as de São Pedro na caixa a que se fez menção, e enviar as de São Paulo à magnífica Basílica que em sua honra fez erigir Constantino for dos muros de Roma, para ali fossem guardadas (a). 

 

(…)

[Pág. 95 HISTÓRIA ECLESIÁSTICA – São João Bosco – SEGUNDA EPOCA — Ano 312-622]

ENCONTRO DA SANTA CRUZ — O imperador Constantino reconhecendo-se devedor à Cruz de suas vitórias, desejava ardentemente dar mostras especiais de veneração àquela sobre a qual dera sua vida o Salvador. Ardendo o coração de sua mãe santa Helena no mesmo desejo, pôs-se de acordo com seu filho e com o romano pontífice, e foi à Palestina em busca desse tesouro, apesar de sua avançada idade de oitenta anos. Era muito difícil encontrá-la, porque os pagãos tinham amontoado muita terra no lugar onde se achava o sepulcro e formado ali uma grande praça, erguendo no centro um templo a Vénus. Mas nada pôde impedir que a piedosa princesa visse realizados seus desejos. Sabendo pelos anciãos de Jerusalém, que se chegasse a encontrar o sepulcro, encontrar-se-ia também a Cruz, fez logo derrubar o templo pagão e dar começo às escavações.

Depois de muito trabalho, descobriu-se afinal a gruta do santo sepulcro, e a muito curta distância dele se acharam três cruzes, e em lugar separado encontrou-se também o letreiro que tinha sido posto na cruz do Salvador, com os cravos que tinham perfurado suas mãos e seus pés. Mas, como se podia conhecer qual a verdadeira cruz? Helena, a conselho de Macário, bispo de Jerusalém, mandou levar as três cruzes à casa de uma mulher que desde longo tempo se achava atacada por uma incurável enfermidade.

Aproximaram sucessivamente as três cruzes, e ao mesmo tempo rogava-se ao Divino Salvador que fizesse conhecer qual delas tinha sido banhada com seu sangue. Estava presente a imperatriz, e toda a cidade esperava com ansiedade o resultado. As duas primeiras cruzes não causaram nenhum efeito na enferma. Assim, porém que se aplicou a terceira sentiu-se perfeitamente curada e se levantou no mesmo instante. O historiador Sosímenes afirma também que sendo aplicada a um cadáver, o ressuscitou logo, o que se acha confirmado por S. Paulino (1). Cheia de alegria a santa mulher, destacou uma parte da verdadeira cruz para a enviar a seu filho, e encerrando o resto em uma caixa de prata, colocou-a nas mãos do bispo Macario, para que a depositasse na Igreja que Constantino tinha ordenado se levantasse no santo sepulcro. Helena não viveu muitos anos depois de sua viagem a Jerusalém e cheia de merecimentos perante Deus e os homens, morreu pouco tempo depois em Roma, nos braços de Constantino, sendo honrada pela Igreja como santa.

Nota (1) – Szon. Hist. Eccl. Lib. II cap. I, S. Paul. Epist. XI ad Sever (a) 

 

MORTE DE CONSTANTINO — Quanto mais miserável foi a morte dos perseguidores da Igreja, tanto mais consoladora foi a morte desse protetor da fé. Vendo Constantino os oficiais que choravam em derredor de seu leito de morte, disse-lhes: “Eu vejo com olhos diferentes dos vossos a verdadeira felicidade; e, longe de afligir-me, folgo muito porque chegou para mim o momento de gozar dela”. Deu-lhes as ordens necessárias para que se conservasse a paz no império, fez-lhes jurar que nunca empreenderiam cousa alguma contra a Igreja: e na paz dos justos morreu com 64 anos de idade e 31 de reinado, no ano 337 de nossa era. Antes de morrer dividira o império entre seus filhos, Constantino, Constâncio e Constante.

Sua morte foi chorada por todos: e embora seja verdade, que se lhe imputam alguns delitos que cometeu levado pela cólera, ou enganado por falsas informações, o certo é que fez penitência deles e reparou seus escândalos com uma vida virtuosa e exemplar. 

 

 

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