PARA CONHECER, REFLETIR, ENTENDER E VIVER!
As Dores Corredentoras de Maria
Hoje continuamos a ver alguns momentos de dor vividos em sua alma, pela Santíssima Virgem Maria, na paixão do Senhor Jesus, narrada pela própria Divina Mãe, através da Madre Abadessa Sor María de Jesús de Ágreda, da província de Soria , Espanha, nascida em 1602 e falecida em 1665.
Os dados aqui apresentados foram extraídos da Obra MÍSTICA CIUDAD DE DIOS– Livro VI – Capítulo 9 – pág. 902 e seguintes – 3º. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda (Soria).
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1146 – Com estas e outras razões, que não posso explicar com palavras, respondia a Rainha do Céu ao seu Filho santíssimo, e se ofereceu à imitação e participação de sua paixão, como cooperadora e coadjutora de nossa Redenção.
E logo pedi-lhe licença para propor-lhe outro desejo e petição, prevenida muito de longe, com a ciência que tinha de todos os mistérios que o Mestre da vida havia de obrar no fim dela; e dando-lhe licença Sua Majestade, acrescentou a puríssima Maãe e disse:
Amado de minha al a e luz de meu olhos, não sou digna, Filho meu, do que anseia meu coração, para pedir-vos. Mas Vós, Senhor, sois alento de minha esperança.
e nesta fé vos suplico, me façais participane, se sois servido, do inefável sacramento de vosso sagrado corpo e sangue, como tendes determinado de institui-lo, por prenda de Vossa glória, e para que voltando a receber-vos em meu peito, se me comuniquem os efeitos de tão admirável e novo Sacramento.
Bem conheço, Senhor meu, que nenhuma das criaturas pode dignamente merecer tão excessivo benefício, prevenido sobre Vossas obras, só por Vossa magnificência, e para obriga-la agora, só tenho que oferecer-vos a Vós mesmo, com Vossos merecimentos infinitos.
E se a humanidade santíssima em que os vinculais, por havê-la recebido de minhas entranhas, induz algum direito, este não será tanto em mim, para que sejais meus neste Sacramento, como para que eu seja vossa com a nova posse de receber-Vos, em que posso restituir-me para Vossa doce companhia.
Minhas obras e desejos, dediquei a esta digníssima e divina comunhão desde a hora que vossa dignidade me deu notícia dela, e da vontade e decreto de ficardes em vossa Santa Igreja, em espécies de pão e vinho consagrados.
Voltai, pois, Senhor e bem meu, para a primeira e antiga habitação de Vossa Màe, de vossa amiga e Vossa escrava, à quem, para receber-vos em seu ventre, fizestes livre e isenta do comum contágio. Em meu peito receberei agora a humanidade que de meu sangue vos comuniquei e nele estaremos juntos com estreito e novo abraço, que alente meu coração e acenda meus afetos, para não estar de Vós, jamais ausente, que sois infinito bem e amor de minha alma.
1147 – Muitas palavras de incomparável amor e reverência disse a grande Senhora nesta ocasião, porque falou com seu Filho santíssimo com admirável afeto do coração, para pedir-lhe a participação de seu sagrado corpo e sangue.
E Sua Majestade respondeu-lhe também, com mais carícia, concedendo-lhe sua petição, e a ofereceu, que lhe daria o favor e benefício da comunhão que lhe pedia, ao chegar a hora de celebrar sua instituição.
Desde logo a puríssima Mãe, com nova atuação, fez grandiosos atos de humildade, agradecimento, reverência e viva fé, para estar disposta e preparada para a desejada comunhão da eucaristia; e sucedeu o que direi adiante (Cf. infra no 1197)
1148 – Logo mandou, Cristo Salvador nosso, aos Santos Anjos de sua Mãe Santíssima, que a assistissem desde então, em forma visível para ela, e a servissem e consolassem em sua dor e solidão, como de fato o cumpriram.
Ordenou-lhe também, à grande Senhora, que, partindo sua Majestade para Jerusalém com seus discípulos, ela lhe seguisse por algum pequeno espaço com as santas mulheres que vinham acompanhando-os desde Galileia, e que as informasse e animasse, para que não desfalecessem com o escândalo que terian, vendo-lhe padecer e morrer com tantas ignominias e morte de cruz, afrontosíssima.
E dando fim a esta conferência, o Filho do Eterno Pai, deu sua bênção para sua amantíssima Mãe, despedindo-se para a última jornada, em que haveria de padecer e morrer.
A dor que nesta despedida penetrou os corações de Filho e Mãe, excede a todo o humano pensamento, porque foi correspondente ao amor recíproco entre ambos, e este era proporcional à condição e dignidade das pessoas.
E ainda que disto possamos declarar tão pouco, não por isto ficamos escusados de ponderara-lo em nossa consideração, e acompanha-los com sua compaixão, conforme nossas forças e capacidade, para não ser repreendidos como ingratos e de pesado coração.
PARA CONHECER, REFLETIR, ENTENDER E VIVER!
As Dores Corredentoras de Maria
Hoje continuamos mostrando os momentos de dor vividos em sua alma, pela Santíssima Virgem Maria, na paixão do Senhor Jesus, narrados pela própria Divina Mãe, através da Madre Abadessa Irmã Maria de Jesús de Ágreda.
Os dados aqui apresentados foram extraídos da Obra Mística CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 9 – pág. 903 e seguintes – 3o. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda (Soria).
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1149. Nosso Salvador, despedido de sua amada Mãe e dolorosa Esposa, saiu de Betânia para a última jornada a Jerusalém, na quinta-feira, que foi o da ceia, pouco antes do meio-dia, acompanhado dos Apóstolos que tinha com ele.
Nos primeiros passos que Sua Majestade deu nesta viagem, que já era a última de sua peregrinação, levantou os olhos ao Pai Eterno e, confessando-lhe com louvor e ação de graças, ofereceu-se novamente, com o ardentíssimo de seu amor e obediência, para morrer e padecer pela redenção de toda a linhagem humana.
Esta oração e oferecimento, fez nosso Salvador e Mestre, com tão inefável afeto e força de espírito, que como não pode ser escrita, tudo o que digo parece ser contrário à verdade e ao meu desejo.
Eterno Pai e meu Deus – disse Cristo nosso Senhor – vou pela Vossa vontade e amor, para padecer e morrer pela liberdade dos homens, meus irmãos, e obra das Tuas mãos.
Vou entregar-me para seu remédio, e reunir em um, os que estão derramados e divididos por culpa de Adão.
Vou dispor dos tesouros com os quais as almas criadas à Vossa imagem e semelhança, hão de ser adornadas e enriquecidas, para que sejam restituidas à dignidade da Vossa amizade e felicidade eterna, e para que o Vosso santo nome seja conhecido e engrandecido por todos as criaturas.
Quanto é de Vossa parte e da minha, nenhuma das almas ficará sem remédio abundantíssimo, e Vossa inviolável equidade, ficará justificada, naqueles que desprezarem esta copiosa Redenção.
1150. Seguindo o autor da vida, a Virgem Santíssima partiu logo de Betânia, acompanhada de Santa Maria Madalena e as outras santas mulheres, que assistiam e seguiam a Cristo nosso Senhor, da Galiléia.
E como o divino Mestre ia informando seus apóstolos, e os prevenia com a doutrina e a fé, de sua paixão, para que não desfalecessem nela, por causa das ignomínias que o veriam padecer, nem pelas tentações ocultas de Satanás; assim também a Rainha e Senhora das virtudes, ia consolando e prevenindo sua congregação santa de discípulas, para que não se perturbassem, quando vissem morrer seu Mestre, e ser açoitado afrontosamente.
E que, na condição feminina, eeram essas santas mulheres, de natureza mais enferma e frágil, que os Apóstolos, com tudo isso, foram mais fortes do que alguns deles, em conservar a doutrina e documentos de sua grande Mestra e Senhora.
E quem mais avançou em tudo foi Santa Maria Madalena, como ensinam os Evangelistas (Mt 27,56; Mc 15,40; Lc 24,10; Jo 19,25), porque a chama do seu amor a levava toda acesa, e por sua própria condição natural, ela era magnânima, esforçada e varonil, de boa lei e respeito.
E entre todos os do apostolado, assumiu por sua conta acompanhar a Mãe de Jesus, e assisti-la sem se afastar dela, o tempo todo da paixão, e assim o fez como amante fidelíssima.
Ave Maria Puríssima, sem pecado concebida. ¡Amém!
PARA CONHECER, REFLETIR, ENTENDER E VIVER!
As Dores Corredentoras de Maria
Hoje continuamos a ver os momentos de dor, da Santíssima Virgem Maria, na paixão do Senhor Jesus, narrados pela própria Mãe Divina, através da Madre Abadessa Irmã Maria de Jesus de Ágreda.
Os dados aqui apresentados foram extraídos da Obra MÍSTICA CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 9 – pág. 904 e seguintes – 3o. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda (Soria).
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Momento vivido: após a partida do Senhor Jesus de Betânia.
1151 – Na oração e oferecimento que fez nosso Salvador nesta ocasião, o imitou e seguiu também sua Mãe Santíssima, porque todas as obras de seu Filho Santíssimo, ia olhando no espelho claro daquela luz divina com que as conhecia, para imitá-las, como muitas vezes ficou dito (Cf. supra n. 481, 990, etc.).
E à grande Senhora, iam servindo e acompanhando os Anjos, que a guardavam, se manifestando em forma humana visível, como o próprio Senhor o havia mandado.
Com estes espíritos soberanos, ia conferindo o grande sacramento de Seu Santíssimo Filho, que não podiam perceber suas companheiras, nem todas as criaturas humanas.
Eles conheciam, e ponderavam dignamente, o incêndio de amor, que, sem modo nem medida, ardia no coração puríssimo, e candidíssimo da Mãe de Deus, e a força com que levavam atrás de si os unguentos olorosos (Cant. 1,3) do amor recíproco de Cristo, Seu Filho, Esposo e Redentor.
Eles apresentavam ao Eterno Pai, o sacrifício de louvor e expiação, que lhe oferecia sua Filha única e primogênita, entre as criaturas.
E porque todos os mortais ignoravam deste benefício, e da dívida em que os colocava o amor de Cristo nosso Senhor, e de sua Mãe Santíssima, mandava a Rainha aos Santos Anjos, que lhe dessem glória, bênção e honra ao Pai, ao Filho e ao Espirito Santo, e tudo o cumpriam, conforme a vontade de sua grande Princesa e Senhora.
E a Venerável Maria de Ágreda segue seu exame o do que via e sentia:
1152 – Faltam-me dignas palavras, e digno sentimento e dor, para dizer o que entendi, nesta ocasião, da admiração dos Santos Anjos, que, de uma parte, olhavam o Verbo humanado, e à sua Mãe Santíssima, encaminhando seus passos à obra da redenção humana, com a força do ardentíssimo amor, que aos homens tinham e têm.
E, por outra parte, olhavam a vileza, ingratidão, tardança e dureza dos próprios homens, para conhecer desta dívida, e obrigar-se do benefício, que aos demônios obrigaria, se fossem capazes de recebe-la.
Esta admiração dos anjos, não era com ignorância, senão com repreensão de nossa intolerável ingratidão.
Mulher fraca sou, e menos que um verme da terra, mas nesta luz, que se me foi dada, quisera levantar a voz, que se ouvisse por todo o orbe, para despertar aos filhos da vaidade, e amadores da mentira (Sal 4, 3), e concordar com esta dívida, a Cristo nosso Senhor, e à Sua Santíssima Mãe, e pedir a todos, prostrada sobre meu rosto, que não sejamos sérios de coração, e tão cruéis inimigos, para nós mesmos, e sacudamos este sonho, tão esquecido, que nos sepulta no perigo da eterna morte, e aparta da vida celestial, e bem-aventurada, que nos mereceu Cristo, nosso Redentor e Senhor, com morte tão amarga de cruz.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Doutrina dada pela Rainha Maria Santíssima, à Venerável Madre Irmã Maria de Ágreda, para conhecer, ponderar e sentir, as ignomínias e dores, que o próprio Filho do Pai Eterno, se dignou padecer, humilhando-se a morrer em uma cruz, para redimir os homens, e tudo o que a Divina Mãe fez e padeceu, acompanhando-o na sua mais amarga paixão.
Extraído da Obra MÍSTICA CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 9 – número marginal 1153 a 1155 – pág. 905 e seguintes – 3º. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda (Soria).
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1153. Minha filha, de novo te chamo e convido, para que, ilustrada tua alma, com especiais dons da divina luz, entres no profundo mar dos mistérios da paixão e morte de Meu Filho Santíssimo.
Prepara tuas potências, e estreia todas as forças de teu coração e alma, para que, em alguma parte, sejas digna de conhecer, ponderar e sentir, as ignominias e dores, que o próprio Filho do Eterno Pai se dignou de padecer, humilhando-se a morrer, em uma cruz, para redimir aos homens, e tudo o que eu fiz e padeci, acompanhando-o em sua acerbíssima paixão.
Esta ciência, tão esquecida dos mortais, quero que tu, filha Minha, a estudes e aprendas, para seguir ao teu Esposo, e para imitar-Me a Mi, que sou tua Mãe e Mestra.
E escrevendo, e sentindo, juntamente o que Eu te ensinarei, destes sacramentos, quero que, o tempo todo, te desnudes de todo o humano e terreno afeto, e de ti mesma, para que, afastada do visível, sigas pobre e desvalida, nossas pisadas.
E porque agora, com especial graça, te chamo a ti, a sós, para o cumprimento da vontade de Meu Filho Santíssimo e Minha, e em ti queremos ensinar aos outros.
É necessário que, de tal maneira, te dês por obrigada, desta copiosa Redenção, como se fosse benefício só para ti, e como se se houvesses de perder, não aproveitando tu sozinha.
Tanto como isto, deves apreciar, pois com o amor com que morreu e padeceu Meu Filho Santíssimo, por ti, te olhou com tanto afeto, como se fosses só tu, a que necessitavas de sua paixão e morte, para teu remédio.
1154 – Com esta regra, deves medir tua obrigação e teu agradecimento.
E quando conheces o pesado e perigoso esquecimento que há nos homens, de tão excessivo beneficio, como ter morrido por eles, seu próprio Deus e Criador feito homem, procura tu recompensar-lhe esta injúria, amando-o por todos, como se o retorno desta dívida estivesse remitida só ao teu agradecimento e fidelidade.
E te doa, assim mesmo, da cega estultícia dos homens, em desprezar sua eterna felicidade, e em atesourar a ira do Senhor contra si mesmos, frustrando-lhe os maiores afetos, de seu infinito amor para com o mundo.
Para isto, te dou a conhecer tantos segredos, e a dor tão sem igual, que eu padeci, desde a hora em que me despedi do meu Filho Santíssimo, para ir ao sacrifício da sua sagrada paixão e morte.
Não há termos, para significar a amargura de minha alma naquela ocasião. Mas à sua vista, nenhum trabalho reputarás como grande, nem poderás apetecer descanso, nem deleite terreno, e sé desejarás sofrer e morrer com Cristo. E compadece-te Comigo, que é devido ao que te favoreço esta fiel correspondência.
1155. Também quero que advirtas quão aborrecível é aos olhos do Senhor, e aos meus, e de todos os Bem-aventurados, o desprezo e o olvido dos homens, em frequentar a Sagrada Comunhão, e não chegar a ela, com disposição e fervor de devoção.
Para que entendas e escrevas este aviso, te manifestei o que eu fiz (cf. supra n. 835), dispondo-me tantos anos para o dia, que chegasse a receber a meu Santíssimo Filho Sacramentado, e o demais, que escreverás adiante(Cf. infra n.1197; p. III n.109, 583), para ensinamento e confusão vossa; porque, se eu, que estava inocente, e sem nenhuma culpa que me impedisse, e com tanto, cheio de todas as graças, procurei acrescentar nova disposição de fervoroso amor, humildade e agradecimento,
O que deves fazer tu, e os demais filhos da Igreja, que a cada dia e a cada hora, incorrem em novas culpas e feiuras, para chegar a receber a beleza da própria divindade e humanidade de meu Filho Santíssimo e meu Senhor?
Que desencargo darão os homens em juízo, de haverem tido consigo o próprio Deus sacramentado na Igreja, esperando que fossem recebe-Lo, para enche-los da plenitude de seus dons, e desprezaram este inefável amor e benefício, para empregar-se e divertir-se em deleites mundanos, e servir a vaidade aparente e enganosa?
E admira-te, como o fazem os Anjos e Santos, de tal insanidade e guarda-te de incorrer nela.
Hoje ficamos por aqui.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Tema: A oração que nosso Salvador fez no horto, e seus mistérios, e o que de todos conheceu sua Santíssima Mãe..
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Extraído da Obra MÍSTICA CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 12 – número marginal 1204 e 1208 – pág. 905 e seguintes – 3º. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda (Soria).
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1204 – Com as maravilhas e mistérios que nosso Salvador Jesus operou no Cenáculo, deixava disposto e ordenado, o reino que o Eterno Pai, com sua vontade imutável, lhe havia dado.
E entrada já a noite, que sucedeu à quinta-feira da ceia, determinou sair para a penosa batalha de sua paixão e morte, na qual se havia de consumar a redenção humana.
Saiu Sua Majestade do aposento onde havia celebrado tantos mistérios milagrosos, e ao mesmo tempo saiu também sua Mãe Santíssima de seu retiro para encontrar-se com ele.
Chegaram a acarear-se o Príncipe das eternidades e a Rainha, traspassando o coração de ambos, a penetrante espada penetrante de dor, que ao mesmo tempo os feriu penetrantemente sobre todo o pensamento humano e angélico.
A dolorosa Mãe se prostrou por terra, adorando-o como seu verdadeiro Deus e Redentor.
E olhando-a, Sua Divina Majestade, com o semblante majestoso e agradável de Filho seu, falou-lhe e disse apenas estas palavras: Minha Mãe, convosco estarei na tribulação. Façamos a vontade de meu Eterno Pai e a salvação dos homens.
A grande Rainha ofereceu-se com inteiro coração ao sacrifício e pediu a bênção.
E havendo-a recebido, voltou-se ao seu retiro, de onde lhe concedeu o Senhor, que ela tivesse a visão de tudo o que acontecia e o que seu Filho santíssimo ia obrando, para acompanhar-lhe e cooperar em tudo, da maneira que a ela lhe tocava.
O dono da casa, que estava presente nesta despedida, com impulso divino, ofereceu logo a própria casa que tinha, e o que nela havia, à Senhora do céu, para que se servisse, enquanto estivessem em Jerusalém, e à Rainha o admitiu com humilde agradecimento.
E com Sua Alteza ficaram os mil Anjos da Guarda, que sempre a assistiam sempre em forma visível para ela, e também a acompanharam algumas das piedosas mulheres que consigo havia trazido.
1208 – Tudo o que ia acontecendo, conhecia a grande Senhora, desde seu recolhimento, e viu os pensamentos do obstinado Judas Iscariotes, e o modo como se desviou do Colégio Apostólico, e como lhe falou Lúcifer, na forma daquele homem seu conhecido, e tudo o que passou com ele, quando chegou aos príncipes dos sacerdotes, e o que tratavam e preveniam, para prender o Senhor, com tanta presteza.
A dor que com esta ciência penetrava o castíssimo coração da Mãe virgem, os atos de virtudes que exercitava à vista de tais maldades, e como procedia em todos estes acontecimentos, não cabe em nossa capacidade explica-lo.
Basta dizer, que tudo foi com plenitude de sabedoria, santidade e agrado da beatíssima Trindade.
Compadeceu-se de Judas Iscariotes, e chorou a perda daquele perverso discípulo.
Recompensou sua maldade, adorando, confessando, amando e louvando ao próprio Senhor, que ele vendia com tão injuriosa e desleal traição.
Estava preparada e disposta a morrer por ele, se fosse necessário. Pediu pelos que estavam forjando a prisão e morte de seu divino Cordeiro, como prendas que se haviam de comprar e estimar com o valor infinito de tão precioso sangue e vida, que assim os olhava, estimava e valorava a prudentíssima Senhora.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Tema: Doutrina que me deu a Rainha do Céu, Maria Santíssima, sobre a oração que fez nosso Salvador no horto, e seus mistérios, o que de tudo conheceu sua Mãe Santíssima.
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Extraído da Obra MÍSTICA CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capitulo 12 – números marginais 1221-1222, do Livro VI – Capitulo 12 – pág. 939 – 3ª. Reimpressão – 2009 – Madrid – de Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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1221. Minha filha, tudo o que neste capítulo entendeste e escrito, é um despertador e um aviso, para ti para todos os mortais, de suma importância, se levar isso em consideração.
Preste atenção, então, e confere em teus pensamentos, quanto pesa o negócio da predestinação, ou reprovação eterna das almas.
Pois o tratou meu Filho Santíssimo com tanta consideração, e a dificuldade ou impossibilidade de todos os homens fossem salvos e bem-aventurados, o fez tão amarga a paixão e morte, que para remédio de todos, ele admitia e padecia.
E neste conflito, manifestou a importância e gravidade desta empresa, e por isto, multiplicou as petições e orações ao seu Eterno Pai, obrigando-lhe o amor dos homens, a suar copiosamente seu sangue de inestimável preço.
Porque não podia lograr em todos, sua morte, suposta a malícia com que os condenados às penas do inferno e réprobos, fazem-se indignos de sua participação.
Justificada tem sua causa, Meu Filho e Meu Senhor, com haver procurado a salvação de todos, sem taxa nem medida de seu amor e merecimentos, e justificada a tem o Eterno Pai; com o haver dado ao mundo este remédio, e haver posto em mãos de cada um, para que a estenda à morte ou à vida, à água ou al fogo (Eclo 17, 18), conhecendo a distância que há de um e de outro.
1222 – Mas que isenção de responsabilidade ou que desculpa pretenderão os homens, por terem olvidado sua própria e eterna salvação, quando meu Filho e Eu, com Sua Majestade, a desejamos e procuramos, com tanto desvelo e afeto de que eles admitissem?
E se nenhum dos mortais, tem escusa de sua tardança e estultícia, muito menos a terão no juízo, os filhos da Santa Igreja, que hão recebido a fé destes admiráveis sacramentos, e se diferenciam pouco na vida dos infiéis e pagãos.
Não entendas, filha Minha, que está escrito em vão: Muitos são os chamados e poucos os escolhidos (Mt 20, 16),
Teme esta sentença, e renova em teu coração, o cuidado e zelo de tua salvação, conforme a obrigação que em ti cresceu, com a ciência de tão altos mistérios.
E quando não interessada nisto, a vida eterna e tua felicidade, deverias corresponder à carícia com que Eu te manifesto tantos e divinos segredos, e dando-te o nome de rilha Minha, e esposa de Meu Senhor, deves entender que teu ofício há de ser amar e padecer, sem outra atenção a coisa alguma visível.
Pois, eu te chamo para Minha imitação, que sempre ocupei minhas potências nestas duas coisas, com suma perfeição.
E para que tu a alcances, quero que tua oração seja contínua, sem interrupção, e que veles uma hora Comigo, que é todo o tempo da vida mortal.
Porque comparada com a eternidade, é menos que uma hora e um ponto.
E com esta disposição quero que prossigas os mistérios da paixão; que os escrevas e sintas e imprima em teu coração.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém.
Tema: Sobre a entrega e prisão de nosso Salvador, pela traição de Judas e o que nesta ocasião fez Maria Santíssima e alguns mistérios desta etapa. (números marginais 1223 ao 1236)
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Extraído da Obra MÍSTICA CIDADE DE DEUS – Livro VI – Capítulo 13 – número marginal 1237-1238, do Livro VI – Capítulo 12 de A Mística Cidade de Deus – p. 948-3rd. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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A título de Orientação: A Mística Cidade de Deus é uma obra, que nasceu da contemplação e da oração, da humildade e do assombro, de contemplar o que Deus obrou em “pura criatura”: Maria Santíssima.
Essas são atitudes que podemos adotar, ao ouvir estas reflexões.
Quando a Venerável Maria de Ágreda escreve a vida da Virgem Maria, não o faz para “informar-nos” o que fez a Santíssima Virgem durante sua vida terrena, mas para “colher Dela o fruto da graça e imitar” com suas “fracas forças”, o que entende Dela.
Por isso, peçamos à Santíssima Virgem Maria, Rainha dos Anjos, nos conceda a graça de penetrar em Sua vida, para que, conheçamos ao Seu Filho Santíssimo, e conhecendo-o, O amemos.
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Doutrina que me deu a Rainha do Céu, Maria Santíssima
Escreveu a Venerável Irmã Maria de Ágreda:
1237. Minha filha, em tudo o que vais escrevendo e entendendo por minha doutrina, vais fulminando o processo contra ti e todos os mortais, se tu não saíres de sua parvulez, e venceres sua ingratidão e grosseria, meditando de dia e de noite na paixão, dores e norte de Jesus crucificado.
Esta é a ciência dos santos, que ignoram os mundanos. É o pão da vida e entendimento, que sacia aos pequenos, e lhes dá sabedoria, deixando vazios e famintos aos soberbos amadores do século.
E nesta ciência te quero estudiosa e sábia; que com ela te virão todos os bens (Sab 7, 11). E Meu Filho e Meu Senhor, ensinou a ordem desta sabedoria oculta, quando disse: Eu Sou o caminho, a verdade, e a vida. Nada vem ao Pai, se não é por Mim. (Jo 14,6)
Pois, diz-me, caríssima, se Meu Senhor e Mestre, se fez caminho e vida de todos os homens, por meio da paixão e morte, que padeceu por eles, não é forçoso que para andar este caminho e professar esta verdade, hão de passar por Cristo crucificado, aflito, açoitado e afrontado?
Presta atenção, pois, agora, à ignorância dos mortais, que querem chegar ao Pai, sem passar por Cristo.
Porque, sem haver padecido, nem haver se compadecido com Ele, querem reinar com Sua Majestade; sem lembrar-se de sua paixão e morte, nem para gostar dela em algo, nem agradece-la verdadeiramente, querem que seja válido, para que na vida presente e na eterna, gozem eles, de deleites e de glória, havendo padecido seu Criador, acerbíssimas dores e paixão, para entrar nela, e deixa-los este exemplo, e abrir-lhes o caminho da luz.
1238 – Não é compatível o descanso com a confusão, de não haver trabalhado, quem o devia adquirir por este caminho.
Não é verdadeiro filho, o que não imita seu pai; nem fiel servo, o que não acompanha ao seu senhor; nem discípulo, o que não segue ao seu mestre.
Nem eu reputo por mim, devoto, ao que não se compadece com Meu Filho e Comigo, do que padecemos.
Mas o amor, com que procuramos a salvação eterna dos homens, nos obriga, vendo-os tão olvidados desta verdade, e tão adversos a padecer, à enviar-lhes trabalhos e penalidades, para que, se não os amam de vontade, ao menos os admitam, e sofram forçosamente. E por este modo, entrem no caminho certo, do descanso eterno que desejam.
E com tudo isto, não basta, porque a inclinação e o amor cego às coisas visíveis e terrenas, os detém e embaraça, e os faz tardes e pesados de coração, e lhe rouba toda a memória, atenção e afetos, para não levantarem-se sobre si mesmos, e sobre o transitório.
E daqui nasce, que, nas tribulações, não encontram alegria, nem nos trabalhos, alívio, nem nas penas, consolo, nem nas adversidades, gozo nem quietude alguma.
Porque, tudo isto detestam, e nada desejam que seja penoso para eles, como o desejavam os santos. E por isso, se gloriavam nas tribulações, como quem chegava à posse de seus desejos.
E em muitos fiéis, acontece esta ignorância mais adiante, porque alguns pedem ser abrasados no amor de Deus. Outros, que se lhes perdoem muitas culpas. Outros, que se lhes concedam grandes benefícios, e nada se lhes pode dar, porque não o pedem em Nome de Cristo Meu Senhor, imitando-O e acompanhando-O em seu paixão.
1239 – Abraça, pois, filha Minha, a cruz, e sem ela, não admitas consolação alguma em tua vida mortal.
Pela paixão sentida e meditada, subirás ao alto da perfeição, e granjearás o amor de esposa.
Imita-Me nisto, segundo tens a luz, e a obrigação no que te ponho.
Bendiz e magnifica Meu Filho Santíssimo, pelo amor com que se entregou à paixão, pela salvação humana.
Pouco reparam os mortais nesse mistério.
Mas eu, como testemunha ocular, te advirto, que, na apreciação de Meu Filho Santíssimo, depois de subir à destra do Eterno Pai, nenhuma coisa foi mais apreciada em desejada, de todo seu coração, que oferecer-se à padecer e morrer, e entregar-se para isto, aos seus inimigos.
E também quero, que te lamentes, com íntima dor, que Judas Iscariotes, tenha em suas maldades e aleivosias, mais seguidores que Cristo.
Muitos são os infiéis. Muitos os maus católicos. Muitos os hipócritas, que, com nome de cristãos, O vendem e entregam, e de novo, O querem crucificar. Chora por todos estes males, que entendes e conheces, para que também nisto, Me imites e sigas.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Tema: A Morte de Judas Iscariotes.
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Extraído da Obra Mística CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 13 – número marginal 1248 a 1250 – p. 955 -956 – Morte de Judas Iscariotes – 3ª. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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1248 – Vendo-o tão rendido, Lúcifer lhe propôs fosse aos sacerdotes e, confessando seu pecado, lhes devolvesse seu dinheiro.
Judas Iscariotes fez com presteza, e disse-lhes em voz alta aquelas palavras: Pequei ao dar o sangue do Justo (Mt 27: 4). Mas eles, não menos endurecidos, responderam que ele deveria ter visto isto primeiro.
O intento do demônio era, se pudesse impedir a morte de Cristo nosso Senhor, pelos razões que deixo ditas (cf. supra n. 1130ss) e direi mais adiante.
Com essa repulsa que os príncipes dos sacerdotes lhe deram, tão cheios de impiíssima crueldade, Judas Iscariotes acabou de desconfiar, persuadindo-se de que não seria possível desculpar a morte de seu Mestre.
O diabo julgou o demônio, ainda que tenha feito mais diligência por meio de Pôncio Pilatos.
Mas, como Judas Iscariotes, ele não podia mais servi-lhe em seus intentos, lhe aumentou a tristeza e despeito, e o persuadiu a não esperar mais sofrimentos, e se tirasse a vida.
Judas Iscariotes admitiu este engano formidável e, deixando a cidade, enforcou-se numa árvore seca, fazendo-se homicida de si mesmo, o que se havia tornado o deicida de seu Criador.
Esta infeliz morte de Judas Iscariotes aconteceu, no mesmo dia da sexta-feira, às doze horas, que é ao meio-dia, antes que morresse Nosso Salvador.
Porque não convinha que sua morte e nossa consumada Redenção, caíssem logo sobre a execrável morte do discípulo traidor, que com suma malícia o havia desprezado.
1249 – Então os demônios receberam a alma de Judas Iscariotes, e a levaram para o inferno. Mas seu corpo continuou pendurado, e arrebentadas suas entranhas, com a admiração e assombro de todos, vendo o castigo tão estupendo, da traição daquele péssimo e pérfido discípulo.
Perseverou o corpo enforcado por três dias em público, e neste tempo, os judeus tentaram retirá-lo da árvore e ocultamente enterrá-lo, porque daquele espetáculo, redundava grande confusão contra os sacerdotes e fariseus, que não podiam contradizer aquele testemunho de sua maldade.
Mas não puderam com indústria nenhuma, derrubar ou retirar o corpo de Judas Iscariotes, de onde se pendurado, até que, passado três dias, por dispensação da justiça divina, os próprios demônios o tiraram da forca, e o levaram com sua alma, para que, no profundo do inferno, pagasse em corpo e alma, eternamente, seu pecado.
E porque é digno de admiração temerosa, o que eu conheci do castigo e penas que foram dados a Judas Iscariotes, direi como me foi mostrado e mandado.
Entre as cavernas escuras dos calabouços infernais, estava desocupada uma muito grande e de maiores tormentos que as outras, porque os demônios não haviam podido lançar naquele lago, a nenhuma alma, ainda que a crueldade desses inimigos o tivesse procurado, desde Caim até aquele dia.
Esta impossibilidade admirava o inferno, ignorante do segredo, até que chegou a alma de Judas Iscariotes, à quem facilmente lançaram e submergiram naquele calabouço, nunca antes ocupado por outro, algum dos condenado.
E a razão era, porque, desde a criação do mundo, ficou marcada aquela caverna, de maiores tormentos e fogo, que o restante do inferno para os cristãos que, recebido o batismo, se condenassem por não haver aproveitado dos sacramentos, doutrina paixão e morte do Redentor, e a intercessão de sua Mãe Santíssima.
E como Judas Iscariotes, foi o primeiro que havia participado destes benefícios, com tanta abundância, para seu remédio e formidavelmente os desprezou, por isto foi também ele, que primeiro estreou aquele lugar de tormentos, aparelhados para ele e os que lhe imitarem e seguirem.
1250 – Este mistério se me foi mandado escrever, com particularidade, para aviso, ensinamento e experiência para todos os cristãos, e em especial dos sacerdotes, prelados e religiosos, que tratam com mais frequência o Sagrado Corpo e Sangue de Jesus Cristo Senhor Nosso, e por ofício e estado, são mais familiares Seus, que por não ser repreendida, quisera encontrar termos e razões, para dar-lhe a ponderação e sentido, que pede nossa insensível dureza, para que, neste exemplo, todos o como tomássemos ensinamento e experiência ,e temêssemos o castigo, que nos aguarda, aos maus cristãos, segundo o estado de cada um.
Os demônios atormentaram Judas Iscariotes com inexplicável crueldade, porque não havia desistido de vender o seu Mestre, com cuja paixão e morte eles ficariam vencidos e despossuídos do mundo.
E a indignação que por isto cobraram de novo contra nosso Salvador, e contra sua Mãe Santíssima, a executam no modo que se lhes permite, contra todos os que imitam ao traidor discípulo, e cooperam com ele, em desprezar a Doutrina Evangélica, os Sacramentos da Lei de Graça e fruto da Redenção.
E é justa razão, que estes malignos espíritos tomem vingança, nos membros do corpo místico da Igreja, porque não se uniram com sua cabeça, Cristo, e porque voluntariamente, se apartaram dela, e se entregaram a eles, que com implacável soberba, a aborrecem e maldizem, e como instrumentos da justiça divina, castigam as ingratidões que têm os redimidos contra seu Redentor.
E os filhos da Santa Igreja, considerem esta verdade atentamente, que, se a tiverem presente, não é possível deixar-se de mover-lhes o coração, e lhes desse juízo para desviar-se de tão lamentável perigo.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Como dito antes, a Cidade Mística de Deus é uma obra que nasceu da contemplação e da oração, da humildade e do assombro, da contemplação do que Deus obrou na única criatura pura: o Coração Doloroso e Imaculado de Maria.
Peçamos então os dons da humildade e da contemplação, para ouvir estas reflexões; e procuremos olhar tudo isso, não só como informação que a Divina Mãe nos passou através da Venerável Maria de Ágreda, mas sim, pedindo à nossa Mãe, a graça de compreender os Seus ensinamentos e de imita-la.
Que Ela nos conceda a graça de penetrar na Sua Vida, para que, conhecendo o Seu Santíssimo Filho, o amemos, como nosso irmão, na sua humanidade, e como Verdadeiro Deus, na sua Divindade.
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Doutrina que me deu a Rainha dos Céus, Maria Santíssima.
Tema: A fuga e divisão dos apóstolos com a prisão de seu Mestre. A notícia que teve Sua Mãe Santíssima, e o que fez nesta ocasião. A condenação de Judas e a turbação dos demônios com o que iam conhecendo.
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Extraído da Obra Mística Cidade de Deus – Livro VI – Capítulo 14 – números marginais 1240 a 1252 da Cidade Mística de Deus – p. 958 e segs. – 3º. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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1253. Minha filha, admiradas estás, e não sem causa, pelo que entendeste e escreveste, da infeliz sorte de Judas Iscariotes, e da queda dos Apóstolos, estando todos na escola de Cristo, meu Santíssimo Filho, criados nos seios de sua doutrina, vida, exemplo e milagres, e favorecidos por sua dulcíssima mansidão e trato, de minha intercessão e conselhos, e outros benefícios, que recebiam por meu intermédio.
Mas, de verdade te digo que, se todos os filhos da Igreja tivessem a atenção e admiração, que este raro exemplo lhes pode causar, nele encontrarão saudável aviso e ensinamento, para temer o estado perigoso da vida mortal, por mais favores e benefícios, que recebam as almas da mão do Senhor.
Pois, tudo parecerá menos que vê-lo, ouvi-lo, trata-lo e tê-lo, por modelo vivo de santidade.
E o mesmo te digo de Mim, pois aos Apóstolos dei admoestações, e foram testemunhas de Minha santa e inculpável conversação, e de Minha piedade, receberam grandes benefícios.
Comuniquei-lhes a caridade, que, por estar em Deus, se dimanava de sua Majestade para Mim.
E se, na tentação, à vista de seu próprio Senhor e Mestre, olvidaram tantos favores, e a obrigação de corresponder a eles, quem será tão presunçoso na vida mortal, que não tema o perigo da ruína, por mais benefícios que tenha recebido?
Aqueles, eram Apóstolos escolhidos por seu Divino Mestre, que era Deus verdadeiro.
E com tudo isto, um chegou a cair mais infelizmente, que todos os homens; e os outros, a desfalecer na fé, que é o fundamento de toda a virtude, e foi conforme a justiça e juízos inescrutáveis do Altíssimo.
Pois, por que não temerão, os que nem são Apóstolos, nem obraram tanto como eles, na escola de Cristo, Meu Filho Santíssimo e seu Mestre, e não merecem tanto Minha intercessão?
1254 – Da ruína e perdição de Judas Iscariotes, e de seu justíssimo castigo, deixas escrito o que basta, para que se entenda, à qual estado pode chegar, e levar os vícios e a má vontade, um homem, que se entrega à eles e ao demônio, e despreza os chamamentos e auxílios da graça.
E o que te advirto, sobre o que escreveste, é que, não só os tormentos que padece o traidor discípulo Judas Iscariotes, senão também o de muitos cristãos, que com ele se condenam, e baixam ao mesmo lugar das penas, que para eles foi designado desde o princípio do mundo, excede aos tormentos de muitos demônios.
Porque, Meu Filho Santíssimo não morreu pelos anjos maus, senão pelos homens.
Nem aos demônios lhes tocou o fruto, e efetios da redenção, os quais recebem os filhos da Igreja, com efeito nos Sacramentos.
E desprezar este incomparável benefício, não é culpa do demônio, tanto como dos fiéis, e assim, lhes corresponde nova e diferente pena, por este desprezo.
E o engano que Lúcifer e seus ministros padeceram, não conhecendo Cristo por verdadeiro Deus e Redentor até a morte,
– sempre atormenta e penetra as potências daqueles malignos espíritos,
– e desta dor, lhes resulta nova indignação contra os redimidos,
– e maior contra os cristãos, a quem mais se lhes aplica a redenção e sangue do Cordeiro.
E por isto, se desvelam tanto os demônios, em fazer que os fiéis olvidem a obra da redenção e a malogrem, e depois no inferno, se mostram mais irados e raivosos contra os maus cristãos, e sem piedade alguma, lhes dariam maiores tormentos, se a justiça divina não dispusesse com equidade, que as penas fossem ajustadas às culpas, não deixando isto à vontade dos demônios.
Mas avaliando-o com seu poder e sabedoria infinita, que ainda, até aquele lugar, alcança a bondade do Senhor.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém
Extraído da Obra MÍSTICA CIDADE DE DEUS – Livro VI – Capítulo 14 – números marginais 1255 – p. 959 e segs. – 3º. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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Continuação do tema da reflexão anterior: A fuga e divisão dos apóstolos, com a prisão de seu Mestre. As notícias que sua Mãe Santíssima teve, e o que ela fez nesta ocasião. A condenação de Judas e a confusão dos demônios com o que estavam aprendendo.
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Doutrina que a Rainha do Céu Maria Santíssima me deu.
1255 – Na queda dos demais Apóstolos, quero, caríssima, que advirtas o perigo da fragilidade humana, que ainda, nos próprios benefícios e favores que recebe do Senhor, facilmente se acostuma a ser grosseira, tarda e desagradecida, como aconteceu aos onze Apóstolos, quando fugiram de seu Mestre celestial, e lhe deixaram com a incredulidade.
Este perigo se origina nos homens, por serem:
– tão insensíveis e inclinados a todo o sensitivo e terreno,
– e haver ficado estas inclinações, depravadas pelo pecado,
– e acostumar-se a viver e obrar, segundo o terreno, carnal e sensível, mais que segundo o espirito.
E de aqui nasce que,
– ainda aos mesmos benefícios e dons do Senhor,
– os tratam e amam sensivelmente,
– e quando lhes faltam por este modo,
– e logo se divertem à outros objetos sensíveis,
– e se movem por eles,
– e perdem o tino da vida espiritual.
– porque a tratavam e recebiam como sensível, com baixa estimação do espirito.
Por esta inadvertencia ou grosseria,
– caíram os Apóstolos,
– ainda que estivessem tão favorecidos por Meu Filho Santíssimo e por Mim.
– Porque os milagres, a doutrina e exemplos que tinham presentes, eram sensíveis.
– E como eles, ainda que perfeitos ou justos,
– eram terrenos e adeptos a só ao sensitivo que recebiam.
Faltando-lhes isto, perturbaram-se com a tentação, e caíram nela, e como quem havia penetrado pouco os mistérios e espirito, do que havia visto e ouvido, na escola de seu Mestre.
Com este exemplo e doutrina, ficarás, filha Minha, ensinada à ser Minha discípula espiritual, e não terrena, e, a não acostumar-te ao sensível.
Ainda que sejam os favores do Senhor e Meus.
E quando os receberes,não detenha-te no material e sensível, mas, levantar tua mente ao alto e espiritual, e que se perceba com a luz e ciência interior, e não com o sentido animal (1 Cor 2, 14) E, se o sensível pode embaraçar a vida espiritual, que será o que pertence à vida terrena, animal e carnal?
Claro está, que, de ti, quero que olvides e apagues de tuas potências, toda imagem e espécies de criaturas, para que estejas idônea e capaz de Minha imitação e doutrina saudável.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Continuamos com os ensinamentos sobre a Paixão do Senhor Jesus, dados pelas revelações da Divina Mãe, à Venerável Soror Maria de Jesús de Ágreda.
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Extraído da Obra MÍSTICA CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 15 – números marginais 1256 a 1264 – 3º. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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Tema para reflexão: Nosso Salvador Jesus, amarrado e preso, é levado à casa do pontífice Anás; o que aconteceu nesta etapa e o que sua Mãe Santíssima sofreu nela
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Doutrina que me deu a grande Rainha e Senhora do Céu.
1265 – Filha Minha, à grandes coisas te chama e te convida a divina luz que recebes dos mistérios de Meu Filho Santíssimo e Meus, no que padecemos pela linhagem humana, e no mau retorno, que nos dão, desagradecido e ingrato à tantos benefícios.
Tu vives na carne mortal, e sujeita a estas ignorâncias e fraquezas, e, com a força da verdade que entendes, se gerem em ti, e despertam muitos movimentos de admiração, de dor, aflição e compaixão pelo esquecimento, pouca aplicação e atenção dos mortais, a tão grandes sacramentos, e pelos bens que perdem na sua frouxidão e tibieza.
Pois, qual será a ponderação que disto farão os Anjos e Santos, e a que eu terei à vista do Senhor, de ver o mundo e o estado dos fiéis, em tão perigoso estado, e formidável descuido, depois que Meu Filho Santíssimo morreu e padeceu, e depois que Me têm por Mãe, por intercessora e sua vida puríssima e minha por exemplo?
De verdade, te digo, caríssima, que só Minha intercessão e os méritos que represento ao Eterno Pai, de Seu Filho e Meu, podem suspender o castigo e aplacar sua justa indignação, para que não destrua o mundo, e flagele rigorosamente os filhos da Igreja, que sabem a vontade do Senhor, e não a cumprem (LC 12, 47).
Mas, eu estou muito desobrigada de encontrar tão poucos, que se contristem comigo, e consolem ao Meu Filho em suas penas, como disse o Santo Rei e Pofeta David (Sal 68, 21).
Esta dureza, será o motivo de maior confusão contra os maus cristãos, no dia do juízo, porque, conhecerão então, com irreparável dor, que não só foram ingratos, senão desumanos e cruéis com Meu Filho Santíssimo, Comigo e consigo mesmos.
1266 – Considera, pois, caríssima, tua obrigação, e levanta-te sobre todo o terreno e sobre ti mesma, porque eu te chamo e te escolho, para que Me imites e acompanhes, no que Me deixam tão só, as criaturas, a quem Meu Filho Santíssimo e eu, temos tão beneficiadas e obrigadas.
Pondera com todas tuas forças, o muito que custou ao Meu Senhor, o reconciliar com Seu Pai, os homens, e merecer-lhes sua amizade.
Chora e te aflige, de que tantos vivam neste olvido, e que tantos trabalhem, com todo seu esforço, por destruir e perder, o que custou sangue e morte, do próprio Deus, e o que Eu, desde Minha concepção, lhes procurei e procuro solicitar e granjear, para seu remédio.
Desperta em teu coração, lastimável pranto, de que, na Igreja Santa, tenham muitos sucessores, os Pontífices hipócritas e sacrílegos, os que, com título fingido de piedade,condenaram a Cristo: estando a soberba e fausto, com outras graves culpas, autorizada e entronizada, e a humildade, a verdade, a justiça e as virtudes tão oprimidas e abatidas, só prevalecem a cobiça e a vaidade.
A pobreza de Cristo, poucos a conhecem, e menos são os que a abraçam.
A santa fé está impedida, e não se expande, pela desmedida ambição dos poderosos do mundo.
E nos católicos está morta e ociosa. E tudo o que há de ter vida está morto, e se dispõe para a perdição.
Os Conselhos do Evangelho estão esquecidos.
Os preceitos quebrantados; a caridade quase extinta.
Meu Filho e Deus verdadeiro, deu suas faces, com paciência e mansidão, para ser ferido (Lam 3, 30).
Quem perdoa uma injúria para imitar-Lhe?
Ao contrário, o mundo fez leis, e não só os infiéis, mas os próprios filhos da fé e da luz.
1267 – Na notícia destes pecados, quero que imites o que fiz, na paixão e toda Minha vida, que por todos exercitava, os atos das virtudes contrárias:
– pelas blasfêmias, O bendizia, pelos juramentos, O louvava, pelas infidelidades, acreditava Nele, e o mesmo por todas as demais ofensas.
Isto quero que tu faças no mundo que vives e conheces.
Foge também dos perigos das criaturas, com o exemplo de São Pedro, que tu não és mais forte que o Apóstolo e discípulo de Cristo.
E se alguma vez caíres como fraca, chora logo com ele, e procura Minha intercessão.
Recompensa tuas falas e culpas ordinárias, com a paciência, nas adversidades; recebe-as com alegre semblante, sem perturbação e sem diferença, sejam as que forem, assim como as enfermidades como aborrecimento das criaturas, e também as que sente o espirito, pela contradição das paixões, e pela luta dos inimigos invisíveis e espirituais.
Em tudo isto, podes padecer, e o deves tolerar com fé, esperança e magnanimidade de coração e ânimo, e te advirto, que não há exercício mais proveitoso e útil para a alma, que o padecer, porque, dá luz, desilude, aparta o coração humano das coisas terrenas, e o leva ao Senhor, e Sua Majestade sai ao encontro, porque está com o atribulado e o livra e ampara (Sal 90, 12)
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Continuamos com os ensinamentos sobre a Paixão do Senhor Jesus, dados pelas revelações da Divina Mãe, à Venerável Irmã Maria de Jesus de Ágreda.
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Tema: Cristo nosso Salvador, foi levado à casa do Pontífice Caifás, onde foi acusado e questionado se era o Filho de Deus. E São Pedro negou duas outras vezes. O que Maria Santíssima fez nesta etapa e em outros mistérios ocultos.
Extraído da Obra MÍSTICA CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 16 – números marginais 1268 a 1279 – p. 973 – 3ª. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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Doutrina que me deu a grande Rainha e Senhora
1280. Minha filha, o sacramento misterioso dos opróbios, dos ultrajes e dos desprezos, que padeceu meu Santíssimo Filho, é um livro fechado, que só pode abrir e compreender, com a divina luz, como tu o conhecestes, e em parte, se te manifestou. Embora escrevas muito menos do que entendes, porque não podes tudo declarar.
Mas, à medida que se desenrola, e fica patente no segredo do teu coração, quero que fique nele escrito, e que, na notícia, deste exemplar vivo e verdadeiro, estudes a divina ciência, que a carne, nem o sangue, não te podem ensinar, porque, nem conhece o mundo, nem merece conhecer.
Esta filosofia divina, consiste em aprender e amar, a felicíssima sorte dos pobres, dos humildes, dos aflitos, desprezados, e não conhecidos entre os filhos da vaidade.
Esta escola, estabeleceu o Meu Filho Santíssimo e amantíssimo na sua Igreja, quando no monte, pregou e propôs a todos, as oito bem-aventuranças.
E depois, como catedrático que executa a doutrina que ensina, a pôs em prática, quando na paixão e opróbios, renovou os capítulos desta ciência, que em si mesmo executava, como o escrevestes (cf. supra n. 1275).
Mas com tudo isso, ainda que a tenham presente os católicos, e está pendente diante deles, este livro da vida, muito poucos, contados os que entram nesta escola e estudam neste livro. E infinitos os estultos e néscios, que ignoram esta ciência, porque não se dispõem para serem ensinados nela.
1281. Todos repudiam a pobreza, e estão sedentos das riquezas, sem se desapontar com sua falácia.
Infinitos são os que seguem a ira e a vingança, e desprezam a mansidão.
Poucos choram suas misérias verdadeiras, e trabalham muito, pela consolação terrena. Apenas há quem ame a justiça, e quem não seja injusto e desleal, com seus próximos.
A misericórdia está extinta.
A limpeza dos corações, violada e obscurecida.
A paz, estragada: ninguém perdoa, nem quer padecer. Não só pela justiça, mas merecendo por justiça, padecer muitas penas e tormentos, fogem todos injustamente deles.
Com isso, caríssima, há poucos bem-aventurados, a quem lhes alcancem as bênçãos de Meu Filho Santíssimo e as minhas.
E muitas vezes, se te há manifestado o desgosto e justa indignação do Altíssimo, contra os professores da fé. Porque, à vista de seu exemplar e Mestre da vida, vivem quase como infiéis.
E muitos, merecem ser mais aborrecidos, porque eles são os que, de verdade, desprezam o fruto da redenção, que confessam e conhecem; e na terra dos santos, eles obram a maldade, com impiedade, e se fazem indignos do remédio, que com maior misericórdia se lhes colocou em suas mãos.
1282. De ti, Minha filha, quero que trabalhes para chega a ser bem-aventurada, seguindo-Me por imitação perfeita, segundo as forças da graça que recebes, para compreender esta doutrina, escondida dos prudentes e sábios do mundo.
Cada dias te manifesto novos segredos de Minha sabedoria, para que teu coração se inflame, e te animes, estendendo tuas mãos para coisas fortes.
E agora, te acrescento um exercício que Eu fiz, que em parte possas imitar-Me.
Já sabes que, desde o primeiro instante de minha concepção, fui cheia de graça. Sem a macula do pecado original, e sem participar de seus efeitos.
E por este singular privilégio, fui desde então, bem-aventurada nas virtudes, sem sentir a repugnância nem a contradição, para vencer, nem achar-Me devedora, de que pagar nem satisfazer, por culpas próprias minhas.
Com tudo isso, a divina ciência me ensinou que, por ser filha de Adão, na natureza que havia pecado, ainda que não na culpa cometida, deveria humilhar-Me mais que o pó.
E porque eu tinha sentidos, da mesma espécie daqueles, com que se havia cometido a desobediência, e seus maus efeitos, que então, e depois se sentem na condição humana, devia Eu, por só este parentesco, mortificá-los, humilhá-los, e privá-los, da inclinação, que na própria natureza eles tinham.
E procedia como uma filha fidelíssima de família, que a dívida de seu pai e de seus irmãos, ainda que a ela não a alcança, a tem por própria, e procura pagá-la, e satisfazer por ela, com tanto mais diligência, quanto ama seu pai e irmãos.
E eles, menos podem paga-la e desempenhar-se, e nunca descansa, até consegui-lo.
Isto mesmo fazia eu, com toda a linhagem humana, cujas misérias e delitos chorava.
E por ser filha de Adão, mortificava em Mim, os sentidos e potências, com que ele pecou, e me humilhava, ainda que não me tocasse, e o mesmo fazia pelos demais, que, na natureza, são Meus irmãos.
Não podes tu imitar-Me nas condições ditas, porque és participante da culpa. Mas, isso mesmo te obriga a que me imites, no demais, que Eu obrava sem ela.
Pois, ao tê-la, e a obrigação de satisfazer a divina justiça, te há de compelir a trabalhar, sem cessar, por ti e por teus próximos, e a humilhar-te, até o pó.
Porque o coração contrito e humilhado, inclina à verdadeira piedade, para usar de misericórdia.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Tema: O que padeceu nosso Salvador Jesus, depois da negação de São Pedro até de manhã, e a grande dor de sua Santíssima Mãe.
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Extraído da Obra MÍSTICA CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 16 – números marginais 1283 a 1294 – 3º. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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Doutrina da Rainha do Céu Maria Santíssima
1295. Minha filha, escrito está no Evangelho (Jo 5:27) que o Pai Eterno deu ao seu Unigênito e Meu, a potestade para julgar e condenar aos réprobos, no último dia do juízo universal.
E foi muito conveniente, não só para que então todos vejam todos os julgados e réus, o Juiz Supremo, que, conforme a vontade e retidão divina, os condenará, senão também, para que vejam e conheçam aquela mesma forma de Sua humanidade Santíssima, em que foram redimidos, e que se lhe manifestem nela, os tormentos e opróbios que padeceu, para resgatá-los da eterna condenação.
E o próprio Senhor e Juiz, que os há de julgar, lhes fará esta acusação. A qual, assim como não poderão responder e nem satisfazer, assim será esta confusão, o princípio da pena eterna, que mereceram com sua ingratidão obstinada, porque, então, se fará notória e patente, a grandeza da misericórdia piedosíssima, com que foram redimidos, e a razão da justiça, com que são condenados.
Grande foi a dor; acerbíssimas as penas e amarguras, que havia padecido Meu Filho Santíssimo, porque não haveriam de lograr todos, o fruto da Redenção.
E isto transpassou Meu Coração, ao tempo que lhe atormentavam, juntamente ao vê-lo cuspido, esbofeteado, blasfemado e aflito, com tão ímpios tormentos, que não se podem conhecer na vida presente e mortal.
Eu o conheci, digna e claramente. E à medida desta ciência, foi minha dor, como o era o amor e reverência da pessoa de Cristo, Meu Senhor e Meu Filho.
Mas, depois destas penas, foram as maiores, por conhecer que, com haver padecido Sua Majestade, tal morte e paixão pelos homens, se haveriam de condenar tantos, à vista daquele infinito valor.
1296 – Nesta dor, também quero que Me acompanhes, e me imites, e te lastimes, desta lamentável desdita, que os mortais não há outra digna de ser chorada com pranto lastimoso, nem dor que se compare a esta
Poucos há no mundo, que percebem nesta verdade, com a ponderação que se deve.
Mas, Meu filho e Eu, admitimos com especial agrado, aos que nos imitam nesta dor, e se afligem pela perdição de tantas almas.
Procura tu, caríssima, assinalar neste exercício, e pede, que não sabes como o aceitará o Altíssimo.
Mas hás de saber suas promessas, que, ao que pede, lhe darão, e à quem chamar, lhe abrirão a porta de seus tesouros infinitos.
E para que tenhas o que oferecer-Lhe, escreve em tua memória, o que padeceu Meu Filho Santíssimo e teu Esposo, pela mão daqueles ministros, vis e depravados homens, e a invencível paciência, mansidão e silêncio, com que se sujeitou à sua iniqua vontade.
E, com este modelo de perfeição, desde hoje, trabalha para que, em ti, não reine o irascível, nem outra paixão de filha de Adão, e se engendre em teu peito, um aborrecimento eficaz, do pecado da soberba, de desprezar e ofender o próximo.
E pede e solicita com o Senhor, a paciência, mansidão, tranquilidade e amor, aos trabalhos e cruz do Senhor.
Abraça-te com ela; toma-a, com piedoso afeto e segue a Cristo, teu esposo, para que Lhe alcances.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Continuamos com os ensinamentos sobre a Paixão do Senhor Jesus, dados pelas revelações da Divina Mãe, à Venerável Irmã Maria de Jesus de Ágreda.
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Tema: O conselho se reúne na sexta-feira de manhã, para fundamentar o caso contra nosso Salvador Jesus, encaminhá-lo a Pilatos e Maria Santíssima com São João Evangelista e as três Marias saem ao encontro.
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Extraído da Obra Mística CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 18 – números marginais 1297 a 1310 – 3º. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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Doutrina que me deu a grande Senhora do céu Maria Santíssima.
1311. Minha filha, grande é o descuido e a inadvertência dos mortais em ponderar as obras de meu Santíssimo Filho, e penetrar com humilde reverência, os mistérios que neles encerrou, para remédio e salvação de todos.
Por isto, ignoram muitos, e outros ficam espantados, que Sua Majestade consentisse em ser traído como réu, perante os juízes ímpios, e ser examinado por eles, como um malfeitor e criminoso, que o tratassem e o reputassem por homem estulto e ignorante, e que com sua sabedoria divina, não respondesse por sua inocência, e convencesse da malícia dos judeus e de todos seus adversários. Pois, com tanta facilidade o poderia fazer.
Nesta admiração, o primeiro que se há de venerar, são os altíssimos juízos do Senhor, que assim dispos para a Redenção humana, obrando com equidade e bondade, retidão, e como convinha a todos os seus atributos, sem negar a cada um de seus inimigos, os auxílios suficiente para bem obrar, se quisessem cooperar com eles, usando os foros de sua liberdade, para o bem.
Porque todos quis que fossem salvos, e nenhum tem justiça, para reclamar da piedade divina, que foi superabundante.
1312. Mas, além disso, quero, caríssima, que entendas o ensinamento que contém estas obras.
Porque, nenhuma fez meu Filho Santíssimo que nãoa fosse como Redentor e Mestre dos homens.
E no silêncio e na paciência que guardou em sua paixão, sofrendo ser reputado por iníquo e estulto, deixou aos homens, uma doutrina tão importante, quão pouco percebida, e menos praticada dos filhos de Adão.
E porque não consideram o contágio, que Lúcifer lhes comunicou pelo pecado, e que continua sempre no mundo.
Por isto que não procuram no médico, a medicina para sua doença. Mas Sua Majestade, por sua imensa caridade, deixou o remédio em suas palavras e em suas obras.
Considerem-se, pois, os homens, concebidos em pecado, e vejam quanto poder possui em seus corações, a semente que o Dragão plantou, de soberba, de presunção, vaidade e auto-estima, de cobiça, hipocrisia e mentira, e assim dos outros vícios.
Todos geralmente desejam apresentar-se em honra e vanglória:
– querem ser preferidos e estimados os doutos, e que se reputam por sábios;
– querem ser aplaudidos e celebrados e jactar-se da ciência;
– os incultos querem parecer sábios;
– os ricos se gloriam das riquezas e por elas querem ser venerados;
– os pobres querem ser ricos e ter a aparência e ganhar sua estima;
– os poderosos querem ser temidos, adorados e obedecidos;
– todos se adiantam nesse erro, e procuram parecer o que não são na virtude, e não são o que querem parecer;
– desculpam seus vícios,
– desejam encarecer suas virtudes e qualidades; atribuem-se os bens e benefícios, como se não os tivessem recebido.
Recebem-nos, como se não fossem estranhos, e se lhes tivessem dado gratuitamente. Em vez de agradecê-los, fazem deles, armas contra Deus e contra si mesmos.
E, geralmente, todos estão entorpecidos, com o mortal veneno da antiga serpente, e mais sedentos de bebê-lo, quanto mais feridos e doentes desta lamentável achaque.
E o caminho da cruz e da imitação de Cristo, pela humildade e pela sinceridade cristã, está deserto, porque poucos são os que caminham por ele.
1313. Para quebrantar esta cabeça de Lúcifer, e vencer a soberba de sua arrogância, foi a paciência e o silêncio que teve Meu Filho em sua paixão, consistindo que o tratassem como um homem ignorante e um estulto malfeitor.
E como Mestre desta filosofia, e Médico, que vinha para curar a doença do pecado, não quis desculpar-se nem defender-se, justificar-se, nem desmentir aos que o acusavam, deixando aos homens, este exemplo vivo de proceder e agir, contra o intento da serpente.
E, em Sua Majestade, pôs em prática aquela doutrina do Sábio: Mais preciosa é ao seu tempo, a pequena estultícia, que a sabedoria e a glória (Ecl 10: 1), porque, melhor lhe está a fragilidade humana, ser a tempos, reputado o homem por ignorante e mau, que fazer ostentação vã da virtude e sabedoria.
Infinitos são os que estão compreendidos neste perigoso erro, e desejando parecer sábios, falam muito e multiplicam as palavras como estultos (Ecl 10,14) e vem a perder, o memso que pretenem, porque são conhecidos por ignoranes. Todos estes vícios nascem da soberba radicada na natureza.
Mas tu, filha, conserva em teu coração a doutrina do meu Filho e Minha, e repudia a ostentação humana, sofre, cala, e deixa ao mundo que te repute por ignorante. Pois ele não conhece em que lugar vive a verdadeira sabedoria (Bar 3, 15).
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Tema: Remete Pilatos à Herodes, a causa e pessoa de nosso Salvador Jesus, acusam-Lhe ante de Herodes, e ele o despreza e envia a Pilatos. Segue-Lhe Maria Santíssima, e o que aconteceu nesta etapa.
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Extraído da Obra MÍSTICA CIUDAD DE DIOS – Livro VI – Capítulo 19 – números marginais 1314 a 1330 – 3º. Reimpressão – 2009 – Madrid – Propriedade de MM. Concepcionistas de Ágreda – Soria – Espanha.
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Doutrina que me deu a grande Senhora do céu Maria Santíssima.
1331. Minha filha, do que escreveste e entendeste, te vejo admirada, observando que Pilatos e Herodes não se mostraram tão desumanos e cruéis, na morte de meu Filho Santíssimo, como os sacerdotes, pontífices e fariseus.
E ponderas muito, que aqueles eram juízes seculares e gentios, e estes eram ministros da lei, e sacerdotes do povo de Israel, que professavam a verdadeira fé.
A este pensamento, quero te responder com uma doutrina, que não é nova, e tu entendeste outras vezes. Mas agora, quero que a renoves e não a esqueças, por todo o decurso de tua vida.
Percebe, pois, caríssima, que a queda domais alto lugar, é em extremo, perigosa, e seu dano, o é irreparável ou muito dificultoso o remédio.
Eminente lugar na natureza, e nos dons da luz e da graça, teve Lúcifer no céu, porque em sua beleza, excedia todas as criaturas, e pela queda de seu pecado, desceu ao profundo da fealdade e da miséria, e à maior obstinação de todos seus sequazes.
Os primeiros pais da linhagem humana, Adão e Eva, foram postos em altíssima dignidade e elevados benefícios, como saídos da mão do Todo Poderoso.
E sua queda, levou a perda de toda sua posteridade com eles mesmos, e seu remédio foi tão custoso, como o ensina a fé, e foi imensa misericórdia remediar para eles e seus descendentes.
1332 – Outras muitas almas subiram ao cume da perfeição, e dali caíram infelicissimamente, encontrando-se depois, quase desconfiadas, ou quase impossibilitadas para levantar-se.
Este dano, parte da própria criatura, nasce de muitas causas.
A primeira é o despeito e confusão desmedida que sente, o que caiu de maiores virtudes.
Porque não só perdeu maiores bens, mas tampouco confia dos benefícios futuros, mais que dos passados e perdidos, e não se promete mais firmeza, dos que pode adquirir, com nova diligência, que nos adquiridos e malogrados, por sua ingratidão.
Desta perigosa desconfiança, segue-se o obrar com tibieza, sem fervor e sem diligência, sem gosto e sem devoção. Porque tudo isto, extingue a desconfiança. Assim como animada e alentada a esperança, vence muitas dificuldades; corrobora e vivifica a fraqueza da criatura humana, para empreender magníficas obras.
Outra razão há, e não menos formidável, e é que as almas acostumadas aos benefícios de Deus, ou por ofício, como os sacerdotes e religiosos, ou por exercícios de virtudes e favores, como outras pessoas espirituais, de ordinário pecam com desprezo dos mesmos benefícios, e mau uso das coisas divinas.
Porque com a frequência delas, incorrem nesta perigosa grosseria, de estimar em pouco, os dons do Senhor. E com esta irreverência e pouco apreço, impedem os efeitos da graça, para cooperar com ela, e perdem o temor santo, que desperta e estimula para o bom obrar, para obedecer à Divina Vontade, e aproveitar-se logo dos meios que Deus ordenou, para sair do pecado e alcançar sua amizade e a vida eterna.
Este perigo é manifesto nos sacerdotes tíbios, que sem temor e reverência, frequentam a Eucaristia e outros sacramentos; nos doutos e sábios, e nos poderosos do mundo, que com dificuldade se corrigem, e emendam seus pecados, porque perderam o apreço, e veneração dos remédios da Igreja, que são os santos Sacramentos, a pregação e a doutrina.
E com estes remédios, que são em outros pecadores, saudáveis, e curam os ignorantes, adoecem eles, que são os médicos da saúde espiritual.
1333 – Outras razões há deste dano, que olham para o próprio Senhor.
Porque os pecados daquelas almas, que por estado ou virtude se encontram mais obrigadas a Deus, se pesam na balança de sua justiça, muito diferentemente que os de outras almas, menos beneficiadas de sua misericórdia.
E ainda que os pecados de todos, sejam de uma mesma matéria, pelas circunstâncias, são muito diferentes: porque os sacerdotes e mestres, os poderosos e prelados e os que têm lugar, ou nome de santidade, fazem grande dano com o escândalo da queda e pecados que cometem.
É maior sua audácia e temeridade, em atrever-se contra Deus, à quem mais conhecem e devem, ofendendo-O com maior luz e ciência, e por isto, com mais ousadia e desacato, que os ignorantes; com o que lhe desobriga tanto os pecados dos católicos, entre eles, os dos mais sábios e ilustrados, como se conhecem em tudo, a corrente da Escrituras Sagradas.
E como no término da vida humana, que está designado para cada um dos mortais, para que nele, mereça o premio eterno, também está determinado até que número de pecados lhe há de aguardar e sofrer a paciência do Senhor para cada um.
Mas este número não se computa só, segundo a quantidade e multidão, senão também segundo a qualidade e peso dos pecados na divina justiça.
E assim, pode acontecer, que nas almas de maior ciência e benefícios do céu, a qualidade supere a multidão dos pecados, e com menos em número, sejam desamparados e castigados, que outros pecadores com mais.
Não para todos pode suceder o que ao Santo Rei Davi e a São Pedro, porque, não em todos terão precedido tantas obras boas antes de sua queda, para que tenha atenção do Senhor. Nem tampouco o privilégio de alguns, é regra geral para todos, porque nem todos são eleitos para um ministérios, segundo os juízos ocultos do Senhor.
1334 – Com esta doutrina, ficará, filha Minha, satisfeita tua dúvida, e entenderás, quão mau e cheio de amargura, é ofender ao Todo Poderoso, quando a muitas almas que redimiu com seu sangue, as põe no caminho da ljz, e as leva por ele. E como de alto estado pode cair uma pessoa, à mais perversa obstinação, que outras inferiores.
Esta verdade testifica o mistério da morte e paixão de Meu Filho Santíssimo, no que os pontífices, sacerdotes, escribas e todos aquele povo, em comparação dos gentios,estavam mais obrigados a Deus, e seus pecados os levaram à obstinação, cegueira e crueldade, mais abominável e precipitada, que aos próprios gentios, que ignoravam a verdadeira religião.
Quero também que esta verdade e exemplo, te avisem, de tão terrível perigo, para que, prudente, o temas, e com o temor santo, juntes o humilde agradecimento e alta estima dos bens do Senhor.
No tempo da abundância, não te esqueças da penúria. (Eclo 18,25)
Confere um e outro, em ti mesma, considerando que o tesouro o tens em vaso quebradiço, e o podes perder, e que o receber tantos benefícios, não é merece-los, nem possui-los é direito de justiça, senão graça e liberalidade.
E o haver-te feito Altíssimo, tão familiar sua, não é assegurar-te de que não podes cair, ou que vivas descuidada ou percas o temor e reverência.
Tudo há de caber em ti, ao passo e peso dos favores, porque também cresceu a ira da serpente, e se desvela contra ti, mais que contra outras almas.
Porque, conhecestes, que com muitas gerações não mostrou o Altíssimo seu liberal amor, tanto como o faz contigo. E se caísses, tua ingratidão sobre tantos benefícios e misericórdias, serias infelicíssima e digna de rigoroso castigo.
Ave Maria Puríssima, sem pecado original concebida. Amém!
Parte 1 – Setembro – Mês da Cruz Gloriosa e das Dores Corredentoras da Santíssima Virgem Maria
Parte 2 – Setembro – Mês da Cruz Gloriosa e das Dores Corredentoras da Santíssima Virgem Maria
Pedido de Nossa Senhora ao Apostolado no Chamado de Amor e Conversão de 02.09.2023:
“Queridos filhos: o mês de setembro é o mes da Cruz Gloriosa. Orem durante todo este mês a Coroa à Cruz Gloriosa dos Sagrados Corações Unidos.”
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