Venerável Madre Maria de Jesus de Agreda (∗ 2 abril 1602 = † 24 maio 1665)
Sepulcro de Madre Maria de Jesus, em Ágreda, Espanha
Traduzido do espanhol para o português por este site
Texto extraído do original español – LIBRO II — CAP. 1 – pág. 179
3.a Reimpressão, 2009
SOR MARÍA DE JESÚS DE ÁGREDA
MÍSTICA CIUDAD DE DIOS VIDA DE MARÍA
Texto conforme al autógrafo original
Introducción, notas y edición por
CELESTINO SOLAGUREN, OFM
Con la colaboración de Ángel Martínez Moñux, OFM,
y Luis Villasante, OFM
MADRID, 2009
****************
Obra Mística Ciudad de Deus Vida de la Virgen María:
NIHIL OBSTAT: FR. CÁNDIDO ZUBIZARRETA, OFM Censor Ordinis 4 noviembre 1970 _________________ D. VICENTE SERRANO 21 noviembre 1970 _________________ IMPRIMASE: + RICARDO, OBISPO AUX. Y VIC. GEN. 21 diciembre 1970 _________________ IMPRIMI POTEST: FR. MARCELINO ASURABARRENA Min. Prov. 4 noviembre 1970 | 1.a Edición, 1970 1.a Reimpresión, 1982 2.a Reimpresión, 1992 3.a Reimpresión, 2009 ___________________ PROPIEDAD Y VENTA DE LA OBRA: MM. CONCEPCIONISTAS DE ÁGREDA (SORIA) I.S.B.N.: 978-84-300-7944-5 Depósito legal: M. 31.258-2009 Imprenta FARESO, S. A. — Paseo de la Dirección, 5. 28039 Madrid __________________ Sitio del Orden de la Inmaculada Concepción – conocidas también como Concepcionistas Franciscanas: https://mariadeagreda.org |
Contém a apresentação ao templo da princesa do céu; os favores que a mão destra divina a ela fez. A altíssima perfeição com que observou as cerimônias do templo. O grau de suas virtudes heroicas e o tipo de visões que teve. Seu santíssimo desposório e o restante, até a Encarnação do Filho de Deus.
CAPITULO 1
Da apresentação de Maria Santíssima no Templo no terceiro ano de sua idade.
a-) Maria Santíssima e a Arca do Testamento
413. Entre as sombras que figuravam à Maria Santíssima na lei escrita, nenhuma foi mais expressa do que a arca do testamento.
Assim, pela matéria de que estava fabricada, como pelo que continha em si, e para o que servia no povo de Deus, e pelas outras coisas que mediante a arca e com ela e por ela, fazia e obrava o Senhor naquela antiga Sinagoga.
Que tudo era um desenho desta Senhora, e do que por ela e com ela, devia de obrar na nova Igreja do Evangelho.
A matéria do cedro incorruptível (Ex. 25, 10) de que – no acaso, mas com o Divino acordo – foi fabricada, aponta expressamente para nossa arca mística Maria, livre da corrupção do pecado atual, e do caruncho oculto do original, e suas inseparáveis fomes e paixões.
O ouro finíssimo e puríssimo que a vestia por dentro e por fora (Iv. 11). Certo é, que foi o mais perfeito e elevado da graça e dons, que em seus pensamentos divinos,
e em suas obras e costumes, hábitos e potências resplandecia, sem que, à vista do interior e o exterior desta arca, se pudesse divisar parte, tempo, nem momento, em que não estivesse toda cheia e vestida de graça, e graça de elevadíssimos quilates.
414. As tábuas lapídeas da lei, a urna do maná, e a vara dos prodígios, que aquela antiga arca continha e guardava, não pode significar com maior expressão ao Verbo Eterno humanado, encerrado nesta arca viva de Maria Santíssima, sendo o seu Filho unigênito, como pedra fundamental (1 Cor., 3, 11) e viva da construção da Igreja Evangélica; a angular (Ef., 2, 20), que juntou os dois povos, judaico e gentio, tão divididos, e para isto se cortou do monte (Dan. 2, 34) da eterna geração.
E para que, escrevendo-se nela com o dedo de Deus, a nova lei da graça, se depositasse na arca virginal de Maria. E para que se entenda que era depositária esta grande Rainha de tudo o que Deus era e obrava com as criaturas.
Encerrava também consigo, o maná da Divindade e da graça, e o poder e a vara dos prodígios e maravilhas, para que que só nesta arca divina e mística, se achasse a fonte das graças, que é o próprio ser de Deus, e dela redundassem aos demais mortais, e nela e por ela, se obrassem as maravilhas e prodígios do braço de Deus.
E tudo o que este Senhor quer, é e obra, se entenda que em Maria está encerrado e depositado.
415. A tudo isto era consequência que a arca do testamento – não pela figura e sombra, mas pela verdade que significava – servisse de pedestal e assento ao propiciatório (Ex., 26, 34 ), onde o Senhor tinha assento e tribunal das misericórdias para ouvir o seu povo, responder-lhe e despachar suas petições e favores.
Porque de nenhuma outra criatura, Deus fez trono de graça, além de Maria Santíssima. Nem tampouco podia deixar de fazer propiciatório desta mística e verdadeira arca, suposto que a havia fabricado para encerrar-se nela.
E assim, parece que o tribunal da Divina justiça permaneceu no próprio Deus, e o propiciatório e tribunal da misericórdia foi colocado em Maria dulcíssima, para que pudéssemos chegar a ela, como ao trono da graça, com segura confiança, e apresentar nossas petições, para pedir os benefícios, graças e misericórdias, que, fora do propiciatório da grande Rainha Maria, nem são ouvidos nem despachados à linhagem humana.
416. Arca tão misteriosa e consagrada, fabricada pela mão do próprio Senhor, para sua habitação e propiciatório para o seu povo, não estava bem fora de seu templo, onde estava guardada a outra arca material, que era figura desta verdadeira e espiritual arca do Novo Testamento.
Por isto ordenou, o próprio Autor desta maravilha, que Maria Santíssima fosse colocada em sua casa e templo, cumpridos os três anos de sua felicíssima natividade.
Verdade é, que não sem grande admiração achou uma diferença admirável, no que aconteceu com aquela primeira e figurativa arca, e o que acontece com a segunda e verdadeira.
Pois quando o Santo Rei Davi trasladou a arca para diferentes lugares, e mais tarde seu filho Salomão a trasladou ou colocou no templo, como se fosse para seu devido lugar e assento próprio, embora não tivesse aquela arca maior grandeza para significar Maria Puríssima e os seus mistérios, foram as suas trasladações e mudanças foram tão festivas e cheias de regozijo para aquele povo antigo, como testificam as solenes procissões que fez Santo David, desde a casa de Aminadab até à de Obededón, e daqui até o tabernáculo de Sião, a cidade do próprio Santo Rei Davi.
E quando de Sião, Salomão a trasladou para o novo templo, que para casa de Deus e de oração edificou por preceito do próprio Senhor (2 Sam., 6, 10.12; 3 Reis, 8, 6; 2 par., 5 ).
417. Em todas estas trasladações, foi levada a antiga arca do testamento com pública veneração e culto soleníssimo de músicas, danças, sacrifícios e júbilo daqueles reis e de todo o povo de Israel, como o refere a Sagrada História dos livros II e III dos Reis e I e II do Paralipómenon.
Mas nossa arca mística e verdadeira, Maria Santíssima, embora fosse a mais rica, a mais estimável e mais digna de toda veneração entre as criaturas, não foi levada ao templo com tão solene aparato e ostentação pública;
Não houve nesta misteriosa trasladação, sacrifícios de animais, nem a pompa real e majestade de Rainha.
Pelo contrário, foi trasladada da casa de seu pai Joaquín, nos braços humildes de sua mãe Ana, que, embora não fosse muito pobre, mas nesta ocasião levou sua querida Filha para apresentar e depositá-la no templo, com recato humilde, como pobre, só e sem ostentação popular.
Toda a glória e majestade desta procissão, quis o Altíssimo que fosse invisível e divina. Porque os sacramentos e mistérios de Maria Santíssima foram tão elevados e ocultos que muitos deles o são até o dia hoje, pelos investigáveis juízos do Senhor, que tem destinado o tempo e a hora, para todas as coisas e para cada uma.
418. Admirando-me eu desta maravilha, na presença do Muito Alto, e louvando seus juízos, se dignou Sua Majestade de responder-me desta maneira:
Adverte, alma, que se Eu ordenei que fosse venerada a arca do Antigo Testamento com tanta festividade e aparatos, foi porque era figura expressa da que havia de ser Mãe do Verbo Humanado.
Aquela era arca irracional e material. E com ela, sem dificuldade, se poderia fazer aquela celebridade e ostentação.
Mas com a arca verdadeira e viva, não permiti Eu isto, enquanto viveu na carne mortal, para ensinar com este exemplo, o que tu e as demais almas devem advertir, enquanto são viadores.
A meus eleitos, que estão escritos em minha mente e aceitação para eterna memória, não quero Eu colocá-los em ocasião que a honra e o aplauso ostentoso e desmedido dos homens, façam parte de prêmio na vida mortal, para o que nela trabalham por minha honra e serviço.
Nem tampouco convém o perigo de repartir o amor, em quem os justifica e faz santos, e em quem os celebram como tais. Um é o Criador, que os fez e sustenta, ilumina e defende. Um há de ser o amor e atenção, e não se deve partir nem dividir, mesmo que seja para remunerar e agradecer pelas honras que com piedoso zelo se fazem aos justos.
O amor divino é delicado. A vontade humana é fragilíssima e limitada. E dividida, é pouco e muito imperfeito o que faz, e facilmente o perde tudo.
Por esta doutrina e exemplar com a que era santíssima, e não podia cair por minha proteção, não quis que ela fosse conhecida, nem honrada em sua vida, nem levada ao templo com ostentação de honra visível.
419. Além disso, Eu enviei para meu Unigênito do Céu, e criei a que havia de ser sua Mãe, para que tirassem o mundo do seu erro, e desenganassem os mortais, de que era lei iniquíssima e estabelecida pelo pecado, que o pobre fosse desprezado e os rico estimado; que o humilde fosse abatido e o soberbo exaltado; que os virtuoso fosse vituperado e o pecador acreditado; que o temeroso e tímido fosse julgado por insensato e o arrogante fosse tido por valente; que a pobreza fosse ignominiosa e miserável; as riquezas, fausto, ostentação, pompas, honras, deleites perecedores buscados e apreciadas pelos homens insípidos e carnais.
Tudo isto, o Verbo Encarnado e sua Mãe vieram reprovar e condenar, por enganoso e mentiroso, para que os mortais conheçam o formidável perigo em que vivem ao ama-lo, e entregando-se tão cegamente à mentira dolosa do sensível e deleitável.
E deste insano amor lhes nasce que, com tanto esforço, fujam da humildade, da mansidão e da pobreza, e desviem de si tudo o que tem odor de virtude verdadeira de penitência e negação das suas paixões.
Sendo isto o que obriga a minha equidade, e é aceitável aos meus olhos, porque é o santo, o honesto, o justo, e que há de ser premiado com remuneração de eterna glória. E o contrário, com sempiterna pena.
420. Esta verdade não alcança os olhos terrenos dos mundanos e carnais, nem querem atender à luz que a ensinaria. Mas tu, alma, ouve-a e escreve-a em teu coração, com o exemplo do Verbo Humanado, da que foi sua Mãe e o imitou em tudo.
Santa era, e em minha apreciação e agrado, a primeira depois de Cristo, e se lhe devia toda veneração e honra dos homens, pois não puderam dar o que ela merecia;
Mas eu preveni e ordenei, que não fosse honrada nem conhecida naquela época, para colocar nela o mais santo, o mais perfeito, o mais apreciável e seguro, que meus escolhidos haveriam de imitar e aprender da Mestre da verdade; e isto era a humildade, o segredo, o retiro, o desprezo pela vaidade enganosa e formidável do mundo, amor aos trabalhos, tribulações, contumélias, aflições e desonras das criaturas.
E porque tudo isto não se compadece nem convém com os aplausos, as honras e a estimação dos mundanos, determinei que María Puríssima não as tivesse, nem quero que meus amigos os recebam nem admitam.
E se, para minha glória lhes dou a conhecer alguma vez ao mundo, não é porque eles o desejem, nem o queiram. Mas com sua humildade, e sem sair de seus limites, se rendem à minha disposição e vontade. E para si e por si, desejam e amam o que o mundo rejeita, e o que o Verbo Humanado e sua Mãe Santíssima obraram e ensinaram.
—Esta foi a resposta do Senhor à minha admiração e objeção, com o que me deixou satisfeita e ensinada no que devo e desejo executar.
421. Cumprido já o tempo dos três anos determinados pelo Senhor, saíram de Nazaré Joaquim e Ana, acompanhados de alguns familiares, levando consigo a verdadeira arca viva do testamento, Maria Santíssima, nos braços de sua mãe, para deposita-la no Templo Sagrado de Jerusalém.
Corria a bela menina com seus afetos fervorosos atrás do olor dos unguentos de seu amado (Cântico, 1, 3), para procurar no Templo o mesmo que levava em seu coração.
Ia esta humilde procissão muito só de criaturas terrenas, e sem alguma visível ostentação, mas com ilustre e numeroso acompanhamento de espíritos angélicos, que para celebrar esta festa, haviam baixado do Céu, além dos normais, que guardavam a sua Rainha menina.
E cantando com música celestial novos cânticos de glória e louvor ao Altíssimo – ouvindo-os e vendo-os a todos, a Princesa do céu, que caminhava belos passos à vista do supremo e verdadeiro Salomão – prosseguiram sua jornada de Nazaré até a Cidade Santa de Jerusalém, sentindo os ditosos pais da menina Maria, grande júbilo e consolação de espírito.
422. Chegaram ao Templo Santo, e a Bem-Aventurada Ana, para entrar com a filha e Senhora nele, a levou pela mão, assistindo-as particularmente São Joaquim. E os três fizeram uma devota e fervorosa oração ao Senhor: os pais oferecendo a filha e a santíssima filha oferecendo-se a si mesma, com profunda humildade, adoração e reverência.
E só ela conheceu como o Altíssimo a admitia e a recebia. E entre um esplendor divino que encheu o templo, ouviu uma voz que lhe dizia: Vem, esposa minha, eleita minha. Vem ao meu templo, onde quero que me louves e me abençoes.
— Feita esta oração, levantaram-se e foram ao sacerdote, e os pais entregaram-lhe a sua filha e menina Maria. E o sacerdote deu-lhe a sua bênção.
E juntos todos, a levaram para um quarto, onde ficava o colégio das donzelas, que se criavam em recolhimento e nos santos costumes, enquanto atingiam a idade de assumir o estado de matrimônio. E especialmente se recolhiam ali, as primogênitas da tribo real de Judá e da tribo sacerdotal de Levi.
423. A subida deste colégio tinha quinze degraus, por onde saíram outros sacerdotes para receber a bendita menina Maria; e quem a levava, que devia ser um dos comuns e a havia recebido, colocou-o no primeiro degrau;
Ela pediu licença, e, voltando-se para seus pais Joaquín e Ana, ajoelhando-se, pediu sua bênção e beijou a mão de cada um, rogando que a encomendassem a Deus.
Os santos pais, com grande ternura e lágrimas, concederam-lhe as bênçãos e, ao recebê-las, ela subiu sozinha os quinze degraus com incomparável fervor e alegria, sem virar a cabeça, nem derramar uma lágrima, nem fazer qualquer ação párvula, nem demonstrar qualquer sentimento da despedida de seus pais.
Antes, colocou todos em admiração, vê-la em tão tenra idade, com majestade e inteireza tão peregrina.
Os sacerdotes a receberam e a levaram para o colégio das demais virgens. E o Santo Simeão, o sumo sacerdote, a entregou às mestras, uma das quais era Ana, a profetisa.
Esta santa matrona havia sido prevenida com especial graça e luz do Altíssimo, para que se encarregasse daquela menina de Joaquim e Ana. E assim o fez, por Divina dispensação, merecendo por sua santidade e virtudes, ter por discípula aquela que haveria de ser Mãe de Deus e mestra de todas as criaturas.
424. Os pais, Joaquim e Ana, regressaram a Nazaré com doloridos e pobres, sem o rico tesouro de sua casa. Mas o Altíssimo os confortou e consolou nela.
O santo sacerdote Simeão, embora naquela época não conhecesse o mistério contido na menina Maria, mas teve grande luz de que ela era santa e escolhida do Senhor. E os outros sacerdotes também sentiram dela, com grande alteza e reverência.
Naquela escada que a menina subiu, se executou com toda a propriedade o que Jacó viu na sua (Gen., 28, 12), que os Anjos subiam e desciam; uns que acompanhavam e outros que saíam para receber a sua Rainha; e no supremo dela, aguardava Deus para admiti-la por filha e por esposa. E ela conheceu, nos efeitos de seu amor, que verdadeiramente aquela era casa de Deus e porta do céu.
425. A menina Maria, entregue e encarregada à sua mestra, com profunda humildade pediu-lhe de joelhos a bênção, e rogou-lhe que a recebesse sob sua obediência, ensino e conselho, e que tivesse paciência no muito que com ela trabalharia e padeceria.
Ana profetisa, sua mestra, a recebeu e disse: Filha minha, em minha vontade encontrareis mãe e amparo, e eu cuidarei de vós e de vossa criação, com todos o desvelo possível.
— Logo passou a oferecer-se com a mesma humildade a todas as donzelas que ali estavam, e a cada uma individualmente, saudou e abraçou, e se dedicou por serva sua, e lhes pediu que, como maiores e mais capazes do que ali tinham de fazer, a ensinassem e ordenassem. E agradeceu-lhes porque sem merece-lo, a admitiam em sua companhia.
426. Filha minha: a maior dita que pode advir nesta vida mortal a uma alma, é que traga o Altíssimo para sua casa, e a consagre toda ao seu serviço. Porque com este benefício, a resgata de uma perigosa escravidão, e a alivia da vil servidão do mundo, onde sem perfeita liberdade, come seu pão com o suor do rosto (Gen. 3, 19).
Quem é tão insípido e tenebroso, que não conheça o perigo da vida mundana, com tantas leis e costumes abomináveis e péssimos, como a astúcia diabólica e a perversidade dos homens introduziram?
A melhor parte é a religião e o retiro. Aqui se acha porto seguro, e todo o resto é tormenta e ondas alteradas e cheias de dores e desditas. E não reconhecerem os homens esta verdade, e não agradecer este singular benefício, é uma feia dureza de coração e esquecimento de si mesmos.
Mas tu, filha minha, não te faças surda à voz do Altíssimo. Atende, obra e responde a ela. E te advirto, que um dos maiores desvelos do demônio é impedir a vocação do Senhor quando chama, e dispõe as almas para que se dediquem ao seu serviço.
427. Só aquele ato público e sagrado de receber o hábito e ingressar na religião, ainda que não se faça sempre com o fervor e a pureza de intenção devida, indigna e enfurece o dragão infernal e seus demônios, assim, para glória do Senhor e gozo dos Santos Anjos, como porque sabe aquele inimigo mortal que a religião o santifica e aperfeiçoa.
E acontece muitas vezes que, tendo-o recebido por motivos humanos e terrenos, obra depois a divina graça, e o melhora e ordena tudo.
E se isto pode, quando o princípio não foi com intenção tão reta como convinha, muito mais poderosa e eficaz será a luz e a virtude do Senhor e a disciplina da religião, quando a alma entra nela movida do Divino amor, e com íntimo e verdadeiro desejo de encontrar Deus, servi-lo e amá-lo.
428. E para que o Altíssimo reforme ou adiante ao que vem à religião, por qualquer motivo que traga, convém que, voltando ao mundo as costas, não volte os olhos, e apague todas as suas imagens da memória, e esqueçam o que tão dignamente deixaram no mundo.
Aos que não atendem este ensinamento, e são ingratos e desleais com Deus, sem dúvida, lhes vêm o castigo da mulher de Ló (Gen. 19, 26), que, se pela Divina piedade não é tão visível e patente aos olhos exteriores, mas recebem-no interiormente, ficando gelados, secos e sem fervor nem virtude.
E com este desamparo da graça, nem conseguem o fim da sua vocação, nem aproveitam na religião, nem encontram consolo espiritual nela, nem merecem que o Senhor os olhe e visite como filhos. Antes, os desvia como escravos infiéis e fugitivos.
Advirto, Maria, que para ti, tudo no mundo deve estar morto e crucificado, e tu para ele, sem memória, nem imagem, nem atenção, nem afeto ou coisa alguma terrena.
E, se talvez fosse necessário exercitar a caridade com os próximos, ordena-a tão bem, que em primeiro lugar, ponhas o bem de tua alma, tua segurança e quietude, paz e tranquilidade interior.
E nestas advertências, todo extremo, que não seja vício, to admoesto e mando, se tens de estar em minha escola.
Compartilhar
- Clique para enviar um link por e-mail para um amigo(abre em nova janela) E-mail
- Clique para compartilhar no Threads(abre em nova janela) Threads
- Clique para compartilhar no Mastodon(abre em nova janela) Mastodon
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram
- Tweet
- Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir
- Compartilhar no Tumblr
- Clique para compartilhar no Bluesky(abre em nova janela) Bluesky
Descubra mais sobre Apostolado dos Sagrados Corações Unidos de Jesus e de Maria
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
